George A. Romero quase fez o 1º filme de Resident Evil; roteiro do cineasta é tema de novo documentário

Depois de tantas tentativas no cinema e agora no streaming, é tranquilo afirmar que Resident Evil é uma das franquias mais difíceis de se adaptar para o audiovisual. Não que seja uma propriedade extremamente complexa, mas os jogos da Capcom não tiveram sorte de encontrar um realizador que contemple a atmosfera de survival horror.

Apesar do ponto de saturação atingido, o início dessa jornada, lá nos anos 1990, poderia ser muito diferente. Logo após o estrondoso sucesso do primeiro título, George A. Romero, o pai dos filmes de zumbi, foi convidado para dirigir o primeiro filme de Biohazard.

A Sony e a Capcom gostaram do comercial japonês de Resident Evil 2, dirigido pelo cineasta, e o convocaram para a condução do longa-metragem. Com a rejeição de um roteiro escrito por Alan B. McElroy, o próprio diretor escreveu um ousado script para a narrativa.

O texto era fiel ao primeiro jogo, com a presença de criaturas bizarras, heróis destemidos e mutações proporcionadas pela Umbrella Corporation. Mesmo com a proximidade ao conteúdo original, o conteúdo foi rejeitado por uma possível falta de apelo comercial, algo que viria pelas mãos de Paul W. S. Anderson anos depois. “O roteiro de Romero não era bom, então ele foi demitido”, disse Yoshiki Okamoto, coordenador do projeto.

“Eu não acho que eles estavam no espírito do videogame e queriam torná-lo mais em um filme de guerra; algo mais pesado do que eu pensei que deveria ser. Então eu acho que eles nunca gostaram do meu roteiro”, afirmou o diretor há alguns anos.

Resident Evil de George. A. Romero

O único vislumbre da direção de Romero em algo da franquia veio através do comercial, que tenta imprimir de forma lúdica e hiperbólica um pouco do "sobreviver ao horror" de Raccoon City. O primeiro rascunho ainda está disponível online, datado de 7 de outubro de 1998. A trama tiraria os holofotes de pontos contraditórios dos jogos e focaria no suspense, dando papéis mais completos para cada personagem.

Tratando-se de uma adaptação do primeiro título, a história teria a participação de Chris Redfield, Jill Valentine, Albert Wesker, Barry Burton, Rebecca Chambers e Brad Vickers. Além dos heróis da primeira aventura, a trama ainda apresentaria uma nova versão de Ada Wong em um breve momento, bem como deixaria pistas de Resident Evil 2 e Resident Evil 3: Nemesis.

Mesmo com a fidelidade, o cineasta ainda faria diversas mudanças no enredo para criar, de fato, sua própria versão de Resident Evil. Isso inclui a mudança da cidade natal da Umbrella e, também, ao novo perfil de Chris, que não seria ligado à divisão especial de polícia STARS e não seria caucasiano. Jill seria o verdadeiro foco da narrativa, com a responsabilidade de manter a segurança da Mansão Arklay e não deixar o T-vírus se espalhar para a cidade.

Entre tensões militares e uma certa camada de drama, o filme ainda teria uma boa dose de galhofa, com direito a humor questionável, algo que também é visto em alguns games.

Documentário

Mais de duas décadas depois da iniciativa, o cineasta Brandon Salisbury vai se reunir a Jason Bareford, assistente de produção de Romero que atuou no comercial de Resident Evil 2, para investigar o filme cancelado através de um documentário.

Os realizadores planejam homenagear o projeto que nunca viu a luz do dia. Com imagens dos games e registros feitos em uma residência abandonada semelhante à mansão Spencer, a película ainda trará conteúdos inéditos com base na experiência de Jason.

George Romero's Resident Evil deve ser lançado em 2024.