A CONVERSAÇÃO, de Francis Ford Coppola, uma revisão!
Acabo de rever "A Conversação", de Francis Ford Coppola, filme de 1974. Descontado o tempo passado, a incrível revolução tecnológica havida desde então, até nossos dias, em especial nos campos das revoluções na informática, na produção e captação de som, informação digital, internet, mídias sociais, o filme continua atual e persiste como um filme muito bom.
Assisti ao filme na revisão da obra de Francis Ford Coppola, proporcionada pela Mostra retrospectiva de sua obra em cartaz no CCBB e no CineSesc - "Francis Ford Coppola - O cronista da América". Desde que assisti o filme quando estreou no Brasil, talvez em 1975 ou 76, sempre nutri um carinho especial pela obra, afinal, trabalha com o suspense, a investigação, a espionagem, sem deixar de lado os dramas pessoais do personagem central (interpretado incrivelmente por Gene Hackman. Ademais, lida com temas relacionados à comunicação, à investigação, o uso da tecnologia para bisbilhotar pessoas, tema que recentemente envolveu o governo dos EUA com diversos países, inclusive o Brasil, quando um ex-funcionário da inteligência americana Edward Snowden desertou e fez denúncia afirmando que os EUA espionam o mundo, mediante a captura de informações pela internet.
SOM E IMAGEM - Sempre que lembro do filme faço uma ponte "temática" com outros dois outros grandes filmes, também muito instigantes e criativos. "Blow-up" (Depois daquele beijo), de Michelangelo Antonioni, filme de 1966, cuja abordagem está no campo da imagem fotográfica. Um crime está para ser desvelado por um fotógrafo de moda que ao fazer fotos em um logradouro público e após revelar o filme e realizar inúmeras ampliações das imagens de seus negativos, acredita ter captado imagens de um assassinato. O outro filme, ao que parece, inspirado nos dois anteriores, é "Um tiro na noite", de Brian de Palma, de 1981. Aqui, um técnico de som faz captação de ruídos especiais para um filme de terror, quando acidentalmente capta um acidente de carro. A investigação que será conduzida magistralmente pelo cineasta cinéfilo, revelará que o acidente do veículo foi decorrente do tiro do título do filme.
Todos grandes filmes, conduzidos por excepcionais diretores que além de contar histórias estão sempre atentos e interessados em oferecer algo mais ao espectador. Faze-los pensar, agir durante a cumplicidade de uma sala escura de cinema. Assistir novamente aos filmes de Coppola, e, em especial "A Conversação", possibilitou lembrar dos outros, seus autores e fazer uma visita aos livros. Nas páginas 348 e 349, do livro "Tudo sobre Cinema", editado por Philip Kemp, Editora Sextante, encontro informações sobre o filme de Coppola e o registro em um pequeno box sobre os dois outros que menciono, uma verdadeira fortuna crítica, para os amantes do cinema. E fico ainda mais surpreso quando verifico a capa do livro traz a fotografia de Al Pacino, como Michael Corleone, em "O Poderoso Chefão", a trilogia emblemática de Coppola sobre a "Mafia" siciliana e sua trajetória nos EUA.
Ver filmes é um prazer inenarrável, em especial, bons filmes. Ler sobre os filmes, seus criadores, é continuar a aventura cinéfila. Compartilhar informações compiladas também é uma atividade que como repórter me traz prazer e felicidade, porque nem todos tem essa chance. (Paulo Antunes)