Sinopse:
Zulmira é uma mulher que vive uma vida simples e miserável em um subúrbio do Rio de Janeiro. Por todas as dificuldades que enfrenta, ela sonha ter um enterro luxuoso. Porém, ao saber que tem boa saúde, fica abalada e morre de tuberculose. Para realizar seu sonho, o marido pede dinheiro a Guimarães, o homem mais rico do bairro, o qual não concorda em pagar e conta que teve um caso com a falecida, sem saber que está falando com o viúvo. O marido, então enfurecido, passa a chantagear Guimarães.
Crítica:
"A Falecida", dirigido por Leon Hirszman e lançado em 1965, é uma obra-prima do cinema brasileiro que combina crítica social com uma narrativa tocante e envolvente. O filme é baseado na peça homônima de Nelson Rodrigues e se destaca pela sua profundidade emocional e por sua abordagem audaciosa de temas como amor, ciúmes e traição.
Uma das principais qualidades da obra é sua capacidade de capturar a complexidade da natureza humana. A protagonista, Zulmira, interpretada de forma magistral por Fernanda Montenegro, é uma mulher que vive os dilemas da paixão e da solidão. A performance dela é repleta de nuances, expressando a vulnerabilidade e a força de sua personagem, o que resulta em uma identificação instantânea do público.
A cinematografia do filme é outro ponto forte. Hirszman utiliza ângulos e iluminações que acentuam o clima sombrio e melancólico da narrativa. As escolhas visuais não apenas embelezam a obra, mas também reforçam os sentimentos de desespero e anseio presentes na trama. A direção de arte e os figurinos complementam esse ambiente, mergulhando o espectador na década de 1960 no Brasil, com suas dualidades sociais.
Além disso, a trilha sonora é cuidadosamente elaborada, criando uma atmosfera que realça as emoções vividas pelos personagens. A música, junto aos diálogos afiados e cheios de ironia de Nelson Rodrigues, adiciona uma camada de profundidade que enriquece a experiência cinematográfica.
Outro aspecto que merece destaque é a crítica social implícita no enredo. O filme aborda questões como a hipocrisia das convenções sociais e o papel da mulher na sociedade da época, refletindo um contexto histórico que ainda ressoa nos dias de hoje.
Em suma, "A Falecida" é um filme que transcende o tempo, combinando uma narrativa cativante com uma análise crítica da condição humana. É uma obra essencial para quem deseja compreender não apenas o cinema brasileiro, mas também a sociedade e suas complexidades. Uma verdadeira joia que continua a fascinar e inspirar novas gerações.