Às vésperas da segunda guerra mundial, Marcello Clerici, um espião da polícia fascista, viaja para Paris em lua de mel. Na verdade, a lua de mel é um disfarce: escondido da esposa Giulia, Marcello precisa eliminar seu ex professor, agora dissidente político antifascista. Marcello se apaixona por Anna (Dominique Sanda), esposa do professor e começa a perder sua fé no regime fascista. A missão será cumprida, mas não por ele, que na "hora h" se acovarda.
Filme de 1970, "O conformista" mostra as características que tornarão Bernardo Bertolucci famoso: o corte e a fotografia particulares, dificilmente decifráveis ao olho do imaginário coletivo. Baseado em um romance de Alberto Moravia, o filme conta com a fotografia do "mago da luz" Vittorio Storaro (Apocalypse Now, Reds, O último imperador, só para mencionar os vencedores do Oscar).
A crise existencial do protagonista (Jean-Louis Trintignant), comum em muitos italianos na época fascista, é maravilhosamente simbolizada em uma cena em que, num baile de salão, todos os presentes se juntam em volta de Marcello, que fica completamente desorientado. Marcello é um personagem atormentado por um trauma infantil, que encontra na violência, fora dos afetos familiares e da religião, o próprio caminho.
Excelente Stefania Sandrelli no papel da esposa Giulia, que se contrapõe com seu charme tipicamente mediterrâneo, à beleza mais fria e ambígua de Dominique Sanda. Ótimo Gastone Moschin, parceiro de Marcello nas missões contra os dissidentes antifascistas.
"O conformista" contém camadas e mais camadas de significados. Obteve indicação para o Golden Globe como melhor filme estrangeiro e ao Oscar para melhor roteiro não original.
Cinema europeu da melhor qualidade. Para os apreciadores de paladar refinado.