Filme visceral... Palavras duras e situações pesadas são retratadas com a maior naturalidade. O diretor desenrola a história retratando o que há mais pútrido na psique do brasileiro. O filme fica numa tensão constante e esse não desenvolvimento do conflito degrada tudo. Em cada episódio do filme, que não leva a lugar algum, não aproveita a lição do anterior, num eterno vir-a-ser, um passado-presente-futuro (talvez por isso, justamente o título: O Brasil é país do "cronicamente inviável"). Os personagens não aprendem nada, e se perpetuam no absurdo do ordinário, do banal, que toma uma eloquência enlouquecedora. Por vezes, nos questionamos se não estamos no "hospício Brasil".
Os diálogos lembram muito as obras de Nelson Rodrigues, com intensidade dramática. Não é um filme de digestão fácil e palatável. Ele circula muito em cineclubes e no ambiente mais "cult". Vale muito a pena! Muitas das situações desveladas na tela acontecem sistematicamente nestas terras. É um filme que fica na cabeça, e aos poucos vão sendo processadas. Lembrei o filme "Noite Vazia (1964)", do diretor Walter Hugo Khouri, principalmente em alguns diálogos.