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Rafael Sales
33 críticas
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4,0
Enviada em 14 de outubro de 2024
È um filme contemplativo, onde o grande diretor Woody Allen retrata as angustias das escolhas em nossas vidas, Marion (Gena Rowlands) tem uma atuação brilhante onde ela é uma mulher casada por volta dos 50 anos e seu mundo é totalmente transformado quando começa a se questionar se realmente aquela é a vida que ela deveria ter tido, revendo seu passado ela percebe que muitas vezes não foi o que ela imaginou ter sido e começa a passar por uma reflexão profunda, percebendo que sua vida que parecia estável é simplesmente uma invenção do seu pensamento racional.
Entre os dramas intimistas de Allen, como Interiores, September, e outros, este é o meu favorito. Podemos perceber várias características do diretor, o que torna a obra bem autoral, sem derivações. A atriz principal é magnífica e o seu desempenho no papel é um dos principais responsáveis pela nossa identificação com os acontecimentos.
Pouco a pouco vamos descobrindo histórias sobre a vida de Marion (Gena Rowlands).Onde está começando a escrever seu livro.Mais conta com vários obstáculos até lá.O relacionamento com o marido,não é um dos melhores possíveis.Ao lado de seu apartamento,escuta confissões de outras pessoas,mas que a ajuda de qualquer forma.O elenco é pequeno,mais,temos a presença ilustre de Mia Farrow,trabalhando mais uma vez com Woody Allen.Fora Gena Rowlands,que chama muita atenção,por conta de uma belíssima atuação.★★★
Drama psicológico em que Woody Allen tenta ser Ingmar Bergman e usa todos os recursos estéticos (planos longos, lentos e estáticos) e temáticos (casamento fracassado, relações familiares conturbadas e amizades dissolvidas) para fazer um filme sério, profundo, chato e pretensioso. Na sessão de terapia em que se exorcizam os fantasmas do passado, a Mia Farrow grávida funciona como uma espécie de projeção do que Gena Rowlands é, foi ou poderia ter sido (que daí passa a questionar suas posturas e escolhas). Não deixa de ser um recurso cinematográfico sofisticado e interessante, mas Woody Allen é sempre mais inspirado e atraente quando se satisfaz sendo ele mesmo.
Woody Allen tem a capacidade de abordar temas que nos provocam grandes reflexões. Em A Outra ele nos remete a refletir sobre até que ponto nós realizamos ou deixamos de realizar coisas em nossa vida a ponto de nos arrependermos depois. Marion Post (Gena Rowland) é uma mulher que chegou aos cinqüenta anos e não se arrependendo de nada. Ela e seu marido Ken (Ian Holm) estão no segundo casamento. Ela não possui filhos, mas ele possui uma filha de seu primeiro casamento. Esta respeita e admira a figura de Marion. O pai de Marion ainda é vivo, porém sua mãe não. Aparentemente todos enaltecem sua inteligência e a admiram. Ela decide escrever um livro e então resolve alugar um escritório para escrevê-lo, pois alega que em casa não teria um bom desenvolvimento. Ao que começa a escrever passa a escutar as conversas de um psicanalista que possui um escritório ao lado do seu. As conversas entram por um duto de ventilação e desembocam em seu escritório. Ela acaba escutando os lamentos de uma paciente vivida por Mia Farrow. Esses lamentos abrem portas em sua mente e passam a provocar reflexões em sua vida. À medida que angustias da paciente surge, Marion não consegue deixar de escutar e perceber que por uma coincidência, cada palavra dita se encaixa em algo que ela deixou no passado. Após uma conversa com sua cunhada ela percebe de vez que sua vida não vai tão bem assim. Começa a perceber que seu mundo não é tão perfeito e que sua posição austera e cheia de si só fazem as pessoas fingirem que possuem um bom relacionamento com ela. Isso a incomoda mais e a partir daí Woody Allen passa a usar as portas como metáfora para entrarmos no passado de Marion e fazer com que ela tenha uma reflexão. Ele também utiliza uma iluminação que lembra o outono. É interessante observar que assim como a personagem passa por um período de renovação/renascimento temos uma época do ano em que as árvores começam um período de desfolhamento até chegarem ao inverno completamente sem folhas, assim como nossa protagonista que passa por um processo análogo. Aos poucos temos conhecimento de como ela chegou a tal ponto de vida. Descobrimos que seu pai procura sempre enaltecer o potencial dela em detrimento de seu irmão. Começamos a desenhar o que realmente seu irmão sente por ela. Uma amizade do passado abre mais uma ferida. Também iremos ter conhecimento de como seu primeiro casamento se acabou e teve um desfecho pelo qual ela se arrependerá pelo resto da vida. Conhecemos o verdadeiro amor de sua vida, Larry (Gene Hackman), amigo de Ken e que infelizmente na época que aconteceu, a decisão certa não foi tomada. Lacunas de um possível caminho não vivido passa a atormentá-la. As cenas que são divididas entre eles são poucas, mas precisas e ao mesmo tempo bonitas e tristes. Dessa maneira há um impacto emocional considerável e percebemos, principalmente quando eles se reencontram como o rosto de Marion deixa transparecer uma angústia por aquele amor que ocorreu anos atrás. Quando ela pergunta “Você pensa em mim?” ele devolve “Você pensa em mim?” Sensacional. Ele não precisa responder, pois sabemos a resposta. Agora ela sim precisa responder. Fica claro que a personagem de Mia Farrow seria Marion mais nova que se interrogou sobre a vida antes de chegar aos cinqüenta. Da mesma maneira que Hope (assim como é chamado à personagem de Mia Farrow após os créditos aparecerem, fazendo uma analogia com o quadro de Klimt que possui o mesmo nome) descobre em Marion uma pessoa que apesar de ser auto-suficiente é na verdade uma pessoa extremamente triste e que teve chances de ser feliz, mas que por causa disso conserva uma grande amargura. Por outro lado Marion percebe que Hope consegue abrir seus olhos quanto à vida de seu passado e o que tem vivido. Por fim temos acesso a um filme maravilhoso, com uma ótima narrativa e que nos provoca realizar uma reflexão sobre nossas vidas.
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