Raramente se assiste a filmes com mensagens tão singelas e bonitas como este "A Festa de Babette". Amores platônicos, bondade, gratidão, espiritualidade, conseguem tocar o coração. A trama gira em torno de duas belas irmãs, criadas com rigor pelo pai, um pastor luterano, numa aldeia dinamarquesa, nos anos de 1800, que, na juventude, despertaram o amor em dois homens, mas, devido à extrema discrição e religiosidade, não levaram o amor adiante. Muitos anos depois, órfãs de pai, um tenor francês - que fora apaixonado por uma delas - pede-lhes, numa carta, que abriguem uma senhora francesa, refugiada de guerra. A princípio relutantes, por falta de recursos, Babette (Stephane Audran), a francesa, convence-as a contratá-la como cozinheira, em troca de casa e comida. Econômica, Babette conquista a admiração geral. Um belo dia, ela recebe uma pequena fortuna, por meio de um bilhete lotérico premiado, e, em agradecimento às irmãs, celebra um completo jantar francês para 12 pessoas. É quando os satisfeitos convidados deixam suas rugas do passado de lado e entram num clima de perfeita harmonia. A narrativa, apesar de não-linear, é fácil de ser acompanhada. Cada cena parece uma pintura, especialmente as que mostram o banquete, durante o qual olhares exprimem mais emoção do que as palavras. O final é surpreendente. "A Festa de Babette" recebeu merecidamente o Oscar e o Bafta de melhor filme estrangeiro em 1988, e dois prêmios de melhor atriz para Stephane Audran. Lindas fotografia e trilha sonora compõem o excelente conjunto da obra.