A animação de 1992 é uma das tantas adaptações que a Disney produziu de forma a abranger todos os públicos. De fato, os filmes do estúdio servem tanto para entreter a audiência infanto-juvenil, com paisagens coloridas e personagens divertidos, como os adultos, que mais maliciosos compreendem as mensagens subversivas sutilmente inseridas. Aladdin é uma das histórias que compõem “As Mil e Uma Noite”, e conta as aventuras do jovem ladrão que encontrara uma lâmpada mágica.
Com uma premissa simples e um enredo objetivo, a obra não se destaca pela sua originalidade ou aspectos técnicos, mas conta com uma brilhante interpretação que sustenta a narrativa, e mesmo após quase trinta anos é lembrada como um dos melhores trabalhos de dublagem já feitos. Estamos falando, é claro, do Gênio de Robin Williams. Seu sucesso foi tamanho que definiu a concepção de “gênio da lâmpada”, porém nada disso seria possível se a voz empregada a ele não fosse do brilhantismo de Williams.
Com uma atuação repleta de improvisações, o ator cria diversas facetas, explorando principalmente o humor, mas com um drama tangencial que embasa o personagem. O mundo fantasioso e o exagero possibilitam tiradas cômicas extremamente pontuais, explorando anacronismos e a psicodelia oferecida pelo Gênio. Assim, o grande ponto forte de Aladdin é este personagem, carismático e complexo, que não poderia ser interpretado de uma maneira mais virtuosa.
O roteiro é pouco inspirado e bastante formulaico, porém torna-se eficiente em contar a história de outros dois personagens pilares para o sucesso da produção. Jafar é um vilão maligno, sua presença é tóxica, exalando perversidade, não há nenhum sendo de moralidade ou princípios em suas atitudes, e suas motivações são sucintas e objetivas. Tais características são reforçadas pelo seu visual com tons de preto e vermelho. Já o protagonista oferece um eficaz contraponto ao vilão. Mesmo sendo um ladrão, Aladdin é essencialmente bom, encantando e conectando o espectador de modo a torcer por sua felicidade.
Por outro lado, os personagens secundários não possuem o mesmo rebusque. A Princesa Jasmine é o maior exemplo disto, pois em momento algum é apresentada alguma informação que a desenvolva, limitando-se apenas à sua superficialidade, que apesar de interessante é insuficiente. Também há um excesso de personificação, humanizando objetos e animais, e a maioria não oferece função narrativa a não ser como meras engrenagens para a trama. Com exceção de Abu, que possui bons momentos cômicos e colabora para a criação de camadas dramáticas.
Mesmo com algumas facilitações, Aladdin possui excelentes números musicais, tem o carisma característico de animações da Disney, mas é o trio composto pelo cativante Aladdin, o maléfico Jafar e o inesquecível Gênio que o torna um ótimo clássico.