“Cães De Aluguel” transpira estilo e charme, em seu primeiro filme, Quentin Tarantino mostra ao publico todos seus recursos cinematográficos, que vão deste o roteiro até utilização de câmeras, passando por cortes e trilha sonora, mesmo que muitos dos recursos sejam abandonados posteriormente, Quentin chega com o pé na porta trazendo um gangster movie que fecha quase que uma intersecção entre os filmes do gênero de diretores como Brian de palma, Martin Scorsese e Coppola, pois traz o tom e a fotografia seria alienada a ironia, brincadeira e humor negro. Com um roteiro Linear que conta com diversos passeios ao passado, temos um filme sobre um roubo a joias, a onde o roubo não é mostrado, e isso é absolutamente genial, ao vermos as consequências e discussões sobre o ocorrido, imaginamos a cena, Tarantino nos dá os pinceis e nós pintamos a tela, vale ressaltar como Tarantino desenvolve completamente seus personagens apenas por meio de diálogos, embora mais tarde na película tenha cenas de puro desenvolvimentos que ficam jogadas na tela. Temos a historia de um grupo de 5 criminosos que são contratados por um mafioso para roubar uma joalheria, mas seus planos acabam por dar muito, muito errado ao descobrirem que um é um infiltrado. A película não estabelece nenhum tipo de moral, e também não precisa, não é essa a sua função. Temos uma fotografia que constrata fortes tons de cinza com cores quentes, embora em alguns momentos pareça descuidada, ela é linda, filmado completamente em rolo, em alguns momentos parece que estamos vendo um filme dos anos 70, e isso é um elogio, pois traz um charme gigante a película, sem musicas originais mas orquestrada por musicas pop dos anos 70, sua trilha é completamente irreverente e dita o ritmo de certas cenas, além de fazer o telespectador querer dançar, sua utilização em contraposição com a violência e criminalidade é uma completa discórdia, nós odiamos amar isso. Com uma mixagem de som boa e uma edição completamente fabulosa, a editora Sally Menke tem muitos méritos por deixar o filme redondinho e a famosa expressão “Tarantinesca” passa pelas mãos dela, e claro, não podemos deixar de citar os ângulos de câmera, a famosa câmera contra-plongée de Tarantino é usada muito aqui, sem falar de suas circulações na mesa de bar e de seu ângulo nos “Impasses mexicanos” promovidos pelo diretor. Todos os atores estão muito bem aqui, salve um destaque para Steve Buscemi e principalmente Tim Roth que apavora em cena, mesmo estando boa parte do filme no chão ensanguentado, obviamente não podemos deixar de mencionar Harvey Keitel. Por fim o primeiro filme de Tarantino possui erros, como o desenvolvimento em excesso de determinados personagens e um problema de ritmo, além do mais, Tarantino nunca marca seus atos (o que é um estilo, não exatamente um defeito) mesmo assim é lotado de charme, embora muito simples, ele tem uma qualidade cinematográfica gigante e com certeza os poucos recursos contribuem para a beleza inerente de “Cães de aluguel”