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    Xica da Silva
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    3,6
    15 notas
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    Fernando M.
    Fernando M.

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    4,0
    Enviada em 10 de abril de 2016
    Todo mundo conhece mais ou menos a história de Xica da Silva. A impressionante história de uma escrava que viveu ao lado de um homem branco rico e poderoso, que ganhou por amor sua carta de alforria e usufruiu de todas as regalias destinadas às ricas senhoras brancas, em pleno Brasil Colonial.

    É preciso fazer uma diferenciação. Separar a Xica fictícia da Chica personagem histórica. Porque realmente existiu uma Chica da Silva, ou melhor: Francisca da Silva de Oliveira (c. 1732-1796), escrava alforriada que viveu uma união estável de mais ou menos quinze anos com o riquíssimo contratador de diamantes da Coroa Portuguesa, João Fernandes de Oliveira (1720-1779), em Arraial do Tijuco, atual Diamantina (MG).

    A história, por si só tão singular, já é um convite para a fantasia. Afinal, nela se encontra verdadeiro potencial para uma novela, um conto-de-fadas. É mais ou menos aí que nasceu Xica da Silva, longa de Carlos (Cacá) Diegues, uma cinebiografia que, pouco atento à História, entorna o caldo das tintas míticas.

    Xica da Silva foi provavelmente quem popularizou, há quarenta anos, o mito da Xica erótica, sensual, "devoradora de homens". É um mito que até hoje está presente nas adaptações teatrais e televisivas da "imperatriz do Tijuco", como cantou Jorge Ben.

    Talvez seja o espírito do tempo, os anos 1970, a sensualidade, os questionamentos morais que sacudiram o patriarcalismo, autoritarismo e conservadorismo dos anos de chumbo. Ou o filme, para trazer um público grande, trouxe a quentura das pornochanchadas tão em voga na época de um jeitão aprendido com os padrões internacionais.

    Para o longa, Xica (Zezé Motta) "subiu" na vida devido apenas às suas incríveis habilidades sexuais. O filme tem uma construção frouxa de "ascensão e queda" de Xica, mesmo que a História dê indícios que Chica se manteve no alto até a morte, muito tempo depois do retorno de João Fernandes a Portugal.

    Do começo ao fim, Xica da Silva parece celebrar a intensa energia sexual da protagonista, essa sua habilidade em sempre se dar e sair-se bem. Não deixa de ser um retrato da nossa brasilidade (jeitinho?), esse nosso impulso de nunca deixar de tirar uma vantagem em cima de alguém. Neste aspecto, Xica parece ser uma pessoa amoral, preocupada apenas com seu próprio bem-estar.

    O tratamento festivo dado à escravatura suaviza as discrepantes diferenças sociais entre as raças do Brasil Colonial, embora haja momentos de grande impacto, como na tortura do negro live Teodoro (Marcus Vinícius - 1946-2003). Mesmo assim, com olhar entre neutro e terno, vemos uma Xica contraditória, que nunca se posiciona contra a escravidão. Aliás, pelo contrário, mais sádica do que nunca, se beneficia dela, agora em destacada posição social.

    No mais, Xica da Silva tem uma estrutura linear, convencional. O visual é ponto alto do filme: a exuberância das cores, do figurino, enriquecidas com a arquitetura colonial de Diamantina, cidade que foi palco dos acontecimentos históricos retratados. Também vale destacar a atuação leve, pontuada pelo humor.

    Zezé Motta está em seu mais marcante papel, contracenando com o veterano Walmor Chagas (1930-2013), que fez João Fernandes. E é interessante que há personagens que não saem de seus atores. Zezé Motta está financiando um documentário sobre uma equipe de médicos e legistas forenses norte-americanos que vão até Diamantina em busca da ossada de Chica da Silva. A ideia é fazer testes de DNA e, se comprovado, fazer uma reconstituição facial. Afinal, uma das figuras mais icônicas do Brasil Colônia não possui um rosto. O trabalho financiado pela própria Zezé Motta procura reparar essa injustiça histórica.
    João Victor S.
    João Victor S.

    1 seguidor 1 crítica Seguir usuário

    2,5
    Enviada em 23 de junho de 2016
    spoiler:


    A comédia Xica da Silva narra a estória da escrava Xica que se envolve sexualmente com o contratador de diamantes o português João Fernandes(Walmor Chagas). Xica da Silva (Zezé Mota) é retratada como uma ambiciosa escrava que serve ao Sargento-Mor(Rodolfo Arena) e ao seu filho o jovem José(Stepan Nercesseain), um rapaz com idéias de independência. Diamantina entra em clima de festa quando o comendador de Portugal João Fernandes chega no local para comandar a busca por diamantes. Assim que o português chega, chama a atenção de Xica, que usa da sua sensualidade para seduzir João Fernandes.
    Agora com o contratador aos seus pés Xica mostra uma face nova, cruel e sádica. João Fernandes, cada vez mais rico com o dinheiro dos diamantes realiza todas as vontades de Xica, lhe tornando uma dama da sociedade mineira. A acessão da escrava à faz ganhar muitos inimigos, entre eles a mulher do intendente Hortência(Elke Maravilha). Não satisfeita com as regalias que ganhavam, Xica queria mais. Sua liberdade, então convence João Fernandes a lhe dar sua carta de alforria. Agora não mais escrava Xica tenta ir até a igreja da cidade porém, é barrada por sua cor. Após isso as extravagâncias de Xica aumentam cada vez mais, a ostentação da negra chega aos ouvidos dos nobres da corte portuguesa.
    Xica da Silva é uma comédia boa de assistir, fruída, com um roteiro leve e bem escrito, mas passa longe de ser uma obra prima. Zezé Mota encanta e nos convence no papel de Xica em uma atuação brilhante. O figurino do filme é maravilhoso, os vestidos de Xica e de suas mucamas é exagerado e caricato como deve ser no tipo de comédia que o filme propõe. Ambientação do filme gravado no local da verdadeira história da Chica da Silva ajuda no tom de realidade, as cenas em céu aberto, em destaque a cena da igreja, são ótimas. Algo que incômodo no filme é a fotografia, não pela imagem que pelo ano de 76 não está ruim, mas sim pelos ângulos de posição das câmeras que são horríveis, a imagem parece trêmula e sem foco, algumas vezes quase amadora. O filme também falha feio na construção das cenas, tudo acontece sem introdução, os personagens, com exceção de Xica, parecem sem motivação. O filme tenta fazer uma crítica a exploração portuguesa no Brasil por meio do personagem José entretanto, falha feio. Talvez pela atuação sofrível de Stepan Nercesseain, ou apenas por ser mal explicada ao espectador.
    O tom do filme é leve, apesar de se tratar da escravidão, o lado sexual e humorístico é maior que o lado histórico. Salvo algumas cenas onde a carga de drama aumenta. Xica da Silva fica sendo uma boa comédia, vale a pena mesmo assistir pelo valor histórico e a atuação magnífica de Zezé Mota que carrega o longa nas costas.
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