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Ricardo L.
59.922 seguidores
2.818 críticas
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4,0
Enviada em 26 de janeiro de 2022
Belo exemplar de um cinema bonito, feito no nosso amado Nordeste, temos aqui uma história bem contada com uma direção redonda com atores compenetrados. Vale a pena conferir.
Início, meio e fim! Fotografia e trilha sonora belíssimas. Muita sensibilidade, nostalgia, bom humor e boas atuações... Algumas peculiaridades do povo nordestino, simples e sincero, sem os clichês dos filmes do gênero.
A cena inicial é reveladora. Uma luz estourada e que incomoda os olhos do espectador toma conta da tela. Pouco a pouco vai se definindo o rosto do motorista, Johnann (Peter Ketnath), no retrovisor. A aridez do sertão nordestino não teve uma tradução tão perfeita para a telona desde "VIDAS SECAS", de Nelson Pereira dos Santos. O alemão Johann fugiu da Alemanha em função da segunda grande guerra mundial. O ano é 1942. Seu trabalho é viajar de vilarejo em vilarejo divulgando as qualidades da aspirina para a população do nordeste. Johann exibe um filme propaganda nas praças das cidades que visita. Como diz o teutônico nômade, até quem não padece de dor alguma inventa alguma queixa para tomar uma aspirina. O alemão encontra-se com Ranulpho (João Miguel) numa de suas jornadas pelo sertão nordestino. A colisão entre as duas culturas totalmente diversas vêm à tona. O nordestino pobre, arguto e que anseia por vencer na cidade grande, Rio de Janeiro, e o alemão pacifista que sente-se bem quando está com o pé-na-estrada. Johann contrata os serviços de Ranulpho para ajudá-lo na venda e divulgação da aspirina. Os dois estabelecem uma amizade que ganha contornos épicos quando o alemão é picado por uma cobra, e é cuidado por dois dias a fio por Ranulpho. A dupla bebe e vai para o bordel junta. Quando o Brasil declara guerra à Alemanha, Johann percebe que sua chance é ir para a Amazônia "tentar a vida", pelo menos até a guerra terminar. Ranulpho, por sua vez, vai atrás do seu destino no sudeste brasileiro. As duas culturas convivem de forma pacífica. Não há superioridade de uma sobre a outra. A estréia de Marcelo Gomes na direção é promissora. A atuação de João Miguel como Ranulpho é brilhante. "CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS" revigora a possibilidade da solidariedade entre seres humanos de culturas tão díspares.
Um filme que homenageia o cinema com excelente atuação do ator João Miguel e muito bem caracterizado no sertão nordestino em plena Guerra Mundial. Vale a pena conferir...
Os Urubus cercam o agreste seco e sofrido do cineasta pernambucano Marcelo Gomes. Juntando-se a um caminhão de Aspirinas que circula aquelas terras no ambientado ano de 1942, o diretor levou ao Cinema um projeto lindíssimo em cima de um roteiro que foca uma amizade peculiar. Uma espécie de Chicó e João Grilo (O Auto da Compadecida – Ariano Suassuna) de mundos diferentes, mais sisudos, porém igualmente sinceros. Uma equilibrada mistura de drama e comédia que nos são apresentados com o uma simplicidade invejável.
Os dois amigos vividos no Longa-metragem Cinema, Aspirinas e Urubus são protagonizados pelo baiano João Miguel e pelo alemão Peter Ketnath. Dois seres de mundos inteiramente opostos que vêem suas histórias cruzadas no sertão brasileiro. Peter é Johann, um alemão driblando a guerra e se refugiando no nordeste brasileiro. João Miguel é Ranulpho, um paraibano que sonha em lagar sua terra natal atrás de novas oportunidades longe daquela “terra triste”. Tudo que os dois têm em comum é o desejo de mudar de vida, de construir novas realidades para suas histórias.
Ranulpho é o retrato de um sertanejo que sonha em viver uma vida distante do sofrimento do ‘sertão da fome’ e da seca. Suas esperanças se renovam quando Johann cruza seu caminho com um caminhão de Aspirinas, vendendo-as como um sonho numa tela de cinema – literalmente. Exibindo comerciais do produto numa sessão improvisada com lençóis, o alemão apresenta um mundo desconhecido ao povo dos lugares onde passa.
Marcelo Gomes levou as telas um filme que retrata o sertão nordestino de quase 70 anos atrás, mas que ainda contrasta muitas semelhanças com a terra do ‘bolsa família’ dos dias de hoje.
Estreante, mas com o talento de um veterano, o cineasta apresenta “o inusitado encontro de um alemão em busca de paz com um nordestino em busca de um sentido para a vida, somado ao encanto que o cinema proporciona mesmo num comercial de Aspirina. Rende momentos de pura poesia neo-realista” (Erika Liporaci, jornalista e colunista - 02/01/2005).
O filme nos carrega sem medo para o meio do nordeste. O longa, filmado com poucas câmeras, faz de cada uma delas o olho de quem passa por aquelas terras. Coloca-nos na altura dos olhos do povo que vê a seca destruindo suas vidas e em seus diálogos retrata o que é a realidade quando o mundo parece nos virar as costas.
Com uma fotografia deslumbrante – vencedora nesta categoria do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 2005 – o que vemos é um céu amarelo e com terra branca e cinza. Marcelo Gomes explica os motivos da escolha nos pedindo uma reflexão: “Imagine a pupila dilatada de um alemão que chega ao sertão e um sertanejo fugindo da seca. Para os dois, aquele lugar precisa parecer um terreno hostil”. Daí esse sertão branco, sem um céu azul produzido pelo diretor de fotografia Mauro Pinheiro.
A história contada no filme é um relato do tio avô de Marcelo Gomes, mas o que chamou a atenção do cineasta e é o ponto chave da história é a universalidade de tudo. “São dois fugitivos procurando um caminho melhor para suas vidas. Tomar conta do seu destino. E nisso entra a dificuldade, o drama de ser errante” – diz ele. Durante o filme, os personagens vão se transformando a ponto do protagonista deixar seu posto para o coadjuvante do enredo no momento em que os dois personagens começam a entender suas diferenças na troca de olhares.
As boas interpretações de Peter Ketnath e João Miguel são acompanhadas a altura pelos outros atores, na grande maioria, formados por nordestinos que nem eram atores por profissão, mas sertanejos legítimos que ajudaram a transpor a realidade ao filme. Com vozes baixas e olhares cansados, esses coadjuvantes roubam a cena com a interpretação de um lugar refletido em suas íris.
No caminhão do alemão Johann, as músicas que ressoam as cenas são tiradas do acervo do museu de discos de vinil de Christiano Câmara, que já rendeu o curta-metragem ”Rua Escadinha 162”. O diretor musical Tomás Alves de Souza separou os hits de 1942 para compor sua ambientação.
Com a produção de Sara Silveira, Maria Ionescu e João Vieira Jr, o filme lançado em 2005 venceu diversos prêmios pelo mundo. Além de ser destaque no festival de Cannes, venceu o prêmio de Educação Nacional Francesa e foi uma das apostas brasileiras entre os pré-indicados ao Oscar de 2007.
Por conta do prêmio de Educação em Cannes, o filme é exibido até hoje para milhões de estudantes em várias partes do mundo, mas nunca foi um arrasa quarteirão nas telas do cinema, talvez devido a sua temática realista, que muitos podem achar uma ferida dolorida demais para ser vista, porém trata-se de uma obra que deve ser conferida pelo simples fato de ajudar o Brasil a dar a expressão 7º arte ao cinema.
Adorei o filme. Amo qualquer coisa que mostre o sertão nordestino dessa forma. A forma de como esses sertanejos tratam os 'gringos' é uma peculiaridade brasileira. Sempre abertos a trocar nossa riqueza por suas quinquilharias. O fato de um alemão querer fugir de Hitler nas terras pernambucanas foi uma ideia brilhante do autor. Direção, roteiro, atores...tudo muito bom!
Um ótimo filme,com uma linda fotografia. Nos tras uma nostalgia de um Brasil humilde e sincero. Linda trilha sonora também. Um belo filme de estréia do Diretor Marcelo Gomes, que promete!
Cinema nacional de alta qualidade. Retrata um Brasil profundo, o interior do Brasil nordestino da década de 40 e suas dificuldades, contradições e incertezas, realçadas pelo olhar do forasteiro. O filme fala da busca da felicidade, do anseio do ser humano por melhores dias, da nossa total incapacidade de sermos infelizes. O Alemão que foge do seu país em guerra, o sertanejo que foge da fome e da seca (para o Rio de Janeiro ou para a Amazônia),compõe essa peregrinação do ser humano em busca de um destino melhor no horizonte. Ficou bem explorado o contexto histórico: 2ª Guerra Mundial, o ciclo da borracha na Amazônia, a migração dos nordestinos para o sudeste do Brasil. Prato cheio para um entendimento maior da nossa História. Destaque para a importância do Rádio realçado no filme tanto pela trilha sonora como pelas notícias que o aparelho traz. O Rádio preenche, é quase um personagem. Duas cenas me chamaram atenção: spoiler: A cena em que Ranulpho (João Miguel) reclama a Johann por que ele dava carona a "essa gente", e o Alemão responde "mas você não faz parte dessa gente?"
E a outra já no final em que os dois comentam sobre o guarda autoritário na estação de trem... Ranulpho reclama da forma como o guarda tratava as pessoas, ao que Johann responde "mas você também estava tratando as pessoas assim no caminho", e Ranulpho emenda "eu só fiz o que fizeram comigo".
Essas duas cenas mostra como nós brasileiros nos habituamos a fazer criticas ao nosso povo sem nos colocar como pertencentes dele, sem olhar as raízes dos nossos problemas também em nós, como se fossemos estrangeiros, uma herança bem colonial.
Um filme monótono, inverossímil, com roteiro pobre. Não há um trama envolvente, não há tensão. Às vezes até achamos que vai acontecer algum plot twist ou pelo menos aparecerem novos personagens, mas nada... A é luz estranha, a fotografia do sertão poderia ter sido melhor explorada, bem como os p´roprios personagens poderiam ter sido melhor trabalhados. Enfim, muitos pontos negativos, fiquei decepcionado. Eu poderia me alongar mais aqui em minha crítica, mas melhor não, porque não vale a pena.
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