Perfeita atuação de Clive Owen, mesmo mascarado, consegue deixar todo mundo preso ao personagem e torcer para que tudo dê certo devido a empatia que ele consegue conquistar. Muito inteligente a sacada de separar todos os reféns em várias salas e misturar uns e outros, se infiltrando entre eles de vez em quando. Portanto, nas entrevistas após o término dos eventos, quando os detetives perguntaram se reconheciam alguém que não fosse um dos bandidos, mesmo se alguém parecesse um possível suspeito, 2 ou 3 outros os excluíam, e daí estavam de volta ao ponto de partida. No começo, pensei que era imitação de certo terrorista de Codinome V, mas depois vi que era mais que isso.
Legal as críticas sociais que são feitas no filme, com diversas formas interessantes de mostrar o preconceito e a discriminação. No banco, por exemplo, há várias pessoas com culturas diferentes, provavelmente como tentativa de demonstrar a pluralidade dos habitantes de NY, e vários deles tem suas histórias e personalidade igualmente explorados, o que geralmente não acontece nos filmes. Coitadinho do Sikh, tratado como um terrorista, fiquei morta de pena quando tiraram seu turbante. Engraçado demais a cara de surpresa do policial ao descobrir que "armênio" e "albanês" não são a mesma coisa. Fora a cena do videogame do garoto e o diálogo do capitão mandando o detetive responsável enterrar o caso já que não tem suspeitos, "ninguém está me cobrando respostas, eu não estou cobrando de você, então esquece!". Adoro filmes que mostram o lado sujo do que aparentemente é completamente puro e limpo. Satirizou o racismo, o anti-heroísmo e a corrupção de forma muito boa.
Interessante também não classificar ninguém como mocinho. O filme mostra perfeitamente que, no fundo, todo mundo tem seus interesses e agem de forma calculista, sem querer se prejudicar no final. Cabe a cada um de nós interpretar quais atitudes julgamos certas ou erradas.
Faltou algumas coisas que poderiam ser exploradas para melhor apreciação do filme: a incapacidade do detetive Frazier de acompanhar o raciocínio do vilão, é nítido que ele está sempre passos atrás, o que diminuiu minha admiração pelo tal "plano perfeito" e pela geniosidade do vilão, até porque fica muito fácil ser atribuído como o mais inteligente se não há ninguém páreo para confrontar ou atrapalhar de verdade a execução do plano; como Dalton sabia da existência do cofre 392, qual a relação que ele tem com o dono do banco para conhecer tão precisamente o conteúdo da caixa, assim como seu passado? Faltou ligar essas arestas; E por fim, que ridículo quando os policiais descobrem que estavam sendo grampeados e mesmo assim resolvem seguir em frente, com a mesma estratégia, mesmo sabendo que colocaria em risco toda a ação, assim como a vida dos reféns... francamente! Foi preguiça de pensar em uma nova estratégia, ou mais uma tentativa de "super-heroizar" o vilão? Terrível.
Enfim, recomendo o filme, é diferente e sarcástico, mas não chega a ser um exemplo de perfeição, existem outros melhores.
Marize Fonseca.