Apesar do tema principal ser o mundo do rap, não há qualquer semelhança entre "8 MILE - RUA DAS ILUSÕES", estrelado pelo ridículo Eminem, e "RITMO DE UM SONHO". Neste último o personagem central é o cafetão D-Jay (Terrence Howard, que foi indicado ao Oscar de melhor ator em março de 2006). Ele e suas três "pupilas" moram num gueto da cidade de Memphis. O patrão sai com o seu carro, um chevy, acompanhado de uma de suas "funcionárias". D-Jay evitava que suas "meninas" fossem a motéis pois os gastos eram excessivos, tornando o lucro menor. A solução era transar no carro do próprio cliente. Uma das meninas, Shug (Taraji P. Henson) estava grávida, o que a impedia de trabalhar. As outras duas, Nola (Taryn Manning) e Lexus (Paula Jai Parker) tinham de trabalhar dobrado. No entanto, o dinheiro estava curto. Não dava nem para pagar a conta de luz. Eis que um viciado troca com D-Jay um teclado roubado por drogas, trazendo à tona o desejo do cafetão se tornar um rapper. Passa a escrever letras de "gangsta rap", falando sobre drogas, prostituição, racismo, ódio aos policiais, etc, que fizeram de Notorious BIG, Coolio, famosos internacionalmente e Pavilhão 9, Racionais MC´s e MV Bill em terras tupiniquins. É um amigo de infância de D-Jay, Key (Anthony Anderson) que irá produzir a sua fita demo. O objetivo de D-Jay é mostrar o seu trabalho para um famoso rapper de Memphis, Skinny Black (Ludacris), e ver a sua carreira alçar vôos mais elevados. O lema de D-Jay é o seguinte: se eu consigo enrolar a mulherada trabalhar para mim, por que razão não conseguirei convencer Skinny Black a apreciar o meu trabalho musical? Obviamente que um cafetão não poderia ganhar ares angelicais. O grande mérito do ator Terrence Howard é de mostrar a trajetória de D-Jay, não para que a platéia tivesse pena de sua história de vida, ou tivesse ódio nas vezes em que era agressivo, mas sim, uma pessoa que tinha um sonho que ele faria qualquer coisa para alcançá-lo. O filme faturou o Oscar de melhor canção original ("It's Hard Out Here for a Pimp", cuja tradução é "A coisa tá difícil para um cafetão"). Desde a minha infância adoro música negra americana. No início era Stevie Wonder, Michael Jackson, Diana Ross, Temptations. Mais tarde os grandes nomes do blues e do jazz, principalmente Miles Davis e John Coltrane para ficarmos nos gigantes. Quem viu o brilhantismo da criatividade desses artistas, ouvir ou ver os clipes dessa enxurrada de "idiot rappers" que invade as telas, rádios e paradas musicais, é duro. "Tá duro ser um ouvinte musical", seria a minha paródia para a situação. De qualquer forma, não deixe de ver o filme e a brilhante atuação de Terrence Howard.