O filme é muito bom, não diria espetacular, mas muito bom. Faltou bom senso em algumas partes: por exemplo, a personagem fictícia deixa transparecer um forte discurso feminista, incondizente com a grandeza do material, e que, principalmente, diminui a ímpeto e a audácia de Beethoven ao colocar uma bela jovem para ampará-lo, como se fosse um inválido. Entendo que a existência da personagem, para fins de enredo, parece necessária, mas certas coisas poderiam ser evitadas colocando-se um rapaz no lugar da moça - evita-se também, assim, o romantismo piegas que quase, felizmente, tomou conta do filme. Se eliminássemos o auxílio que Beethoven recebe para reger a orquestra o filme seria magistral. Enfim, as qualidades, que não são poucas: as falas de Beethoven deixam transparecer boa parte da linha de pensamento que guiou a estética romântica da arte, particularmente no que diz respeito à mistura do sublime com o grotesco, o visceral. É difícil não repetir a palavra "ímpeto", já que o personagem encarnado por Ed Harris deixa isso muitíssimo claro. Um filme que tinha tudo para ser um dos maiores da história do cinema, mas que pecou em questões frívolas, que poderiam ser facilmente evitadas. No entanto, ainda assim é uma excelente obra.