A impressão que tive ao sair do cinema depois de ter assistido "Guardiões da Noite", de Timur Bekmambetov, era que tinha acabado de ver não um filme russo, mas, sim, mais um hollywoodiano dotado de extrema violência e efeitos especiais. Contudo, ainda nas dependências do shopping, comecei a pensar, partindo dos diálogos finais da trama, e vi que não é à toa que o filme se tornou o mais lucrativo da história russa. "Guardiões da Noite" trata dos conflitos existentes entre o Bem e o Mal. Conflitos no sentido literal da palavra. Logo no início do filme, Bekmambetov nos apresenta uma sangrenta batalha, ocorrida há séculos, envolvendo os soldados do Bem, que defendem a Luz, e o exército do Mal, protetores da Escuridão. A luta se mostra tão violenta que os generais de ambos os exércitos decidem cessar fogo, estabelecendo a Trégua. Com o passar do tempo o acordo de paz vai se desfazendo até que chegamos em 2004, ano em que a continuação daquele conflito lá de trás parece inevitável. Diante disso, o filme faz com que reflitamos a respeito dos conceitos de Bem e Mal existente na atual sociedade. Afinal de contas, o que é o Bem? O que é o Bal? De onde surgiu a definição sobre o que é do Bem e o que é do Mal? Será que as instituições que dizem ser do Bem realmente o são? Será que a concepção do que seria o Mal não foi planejada diante de interesses diversos? Será que estamos errados quando escolhemos o lado da tal maldade, daquilo que no filme é retratado como a Escuridão? São reflexões que vão longe, e que podem fazer surgir uma série de ramificações. Excelente!