Para escrever este comentário sobre o filme Orgulho e Preconceito com direção de Joe Wright fui buscar na Internet informações sobre o livro homônimo da escritora britânica Jane Austen uma vez que não tive o prazer de ler a obra. Faltava-me idéia para começar este texto. Então encontrei a seguinte preciosidade:
“A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós”.
Seria simplista demais dizer que o texto acima resume bem o tema tratado no filme Orgulho e Preconceito, mas na falta de outro melhor este vem a calhar. Até porque, como já disse anteriormente, não li o livro e, com certeza, outras passagens literárias mereceriam destaque neste meu comentário. Feito este preâmbulo (que já se estende em demasia) vamos ao que interessa já que vamos falar da obra cinematográfica e não literária que como se sabe, são linguagens diferentes.
A Sra. Bennet está desesperada para ver suas cinco filhas casadas e seguras uma vez que seu marido já está com o pé na cova. Como a família é constituída de cinco meninas a herança da família, por tradição, irá para William Collins primo das garotas. Para evitar que a herança da família vá para o jovem a matriarca da família tem chiliques e ataques de nervos só de pensar em perder o pouco que tem e deixar suas filhas desamparadas. Sua vida se resume em encontrar marido para as cinco filhas. Com a chegada de Charles Bingley e seu fiel amigo Fitzwilliam Darcy à região, a mulherada entra em alvoroço pronto para fisgar um dos cavalheiros (ou ambos). Em um baile público a família Bennet é apresentada aos jovens sendo que Bingley cai de amores por Jane Bennet (com 22 anos e a mais velha das irmãs) e Darcy não vê com bons olhos esta aproximação já que se trata de família camponesa e pobre. Aliás, Darcy desdém abertamente de Elizabeth (de 20 anos e a segunda filha dos Bennet) que, ferida em seu íntimo, trata-o como um ser desprezível, arrogante e orgulhoso.
Com o passar do tempo a relação dos Bennet com os jovens cavalheiros vai tomando outro rumo. Bingley é orientado por seu amigo a separar-se de Jane e Darcy por sua vez vai percebendo que Elizabeth é uma moça inteligente, perspicaz, astuta e sem papas na língua. Ao ficar sabendo destas articulações para separar sua irmã de seu amado Bingley Elizabeth acaba se aproximando de um jovem soldado que lhe conta o passado do frio e articulista Darcy. Apesar de seu orgulho e preconceito em relação aos Bennet, Darcy acaba se aproximando da jovem Elizabeth e o amor acontece inexoravelmente. Chega-lhe, inclusive a pedir em casamento, mas é prontamente recusado por ser considerado culpado pela separação da irmã e por ser um sujeito deveras preconceituoso e pedante. Nestes encontros e desencontros do destino, Elizabeth e Darcy finalmente encontram razões sentimentais para deixarem de lutar um contra o outro e acabam aceitando suas diferenças e o amor (sempre ele) acaba por romper barreiras sociais, culturais e econômicas.
O filme é repleto de cenários arquitetônicos fabulosos, figurinos impecáveis e reconstituição de época de encantar quem, como eu, curte e o ambiente do século dezoito. Os bailes de gala são ricamente detalhados e aquele bailado todo com aquela música é de emocionar a qualquer um. Uma das cenas incríveis é o momento em que Elizabeth e Darcy estão a dançar no meio daquela gente toda e, por um milagre que só o amor é capaz de produzir, de repente estão sozinhos no salão como a simbolizar que o amor focaliza só o amado e mais ninguém importa. Confesso que não gostei muito da escolha de Keira Knightley vivendo a personagem instigante, perspicaz e sincera Elizabeth Bennet. Mas ela não compromete de todo e seu desempenho. Por outro lado, Matthew Macfadyen está fantástico na pele do orgulhoso Darcy. Mas o grande barato mesmo foi assistir a interpretação de Brenda Blethyn como a afetada, nervosa e cheia de chiliques Sra. Bennet. Ah sim, antes que eu me esqueça devo citar a participação de Judi Dench como a aristocrata dominadora Catherine de Bourgh. Pena que sua participação é pequena, mas essencial para o desenrolar da trama.
Para quem curte um filme romântico com toques de ironia, cinismo, olhares de milhares de interpretações vale a pena assistir. Uma crítica cruel ao estilo de vida daquela época, mas através de uma perspectiva de que é possível superar orgulhos e preconceitos. O duelo entre o amor e o orgulho; a luta entre o desejo e o preconceito são elementos importantes retratados nesta obra. O amor não vive de aparências, não se alimenta de orgulho e, sem sombra de dúvida, não sobrevive neste círculo de vaidades.
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