Sem chances de acabar
por Roberto CunhaSeqüências. Como é complicado escrever sobre seqüências. De cara, você já acha que tudo vai se repetir e perder a graça. Resident Evil 3: A Extinção, felizmente, subverte esta "regra". Por mais previsível que seja, o filme tem ritmo, não deixa a barriga crescer e te leva até o fim. Com uma experiência enorme na área de vídeos de grupos famosos e também na TV, o diretor Russell Mulcahy já deu sua contribuição para o cinema com o clássico Highlander, o Guerreiro Imortal. Agora, ele presenteia o pessoal da sala escura, os amantes de vídeo game e também, porque não dizer, aqueles que curtiram A Noite dos Mortos-Vivos, clássico de George Romero. Afinal, sem ele não existiria esse fascínio pelo zumbis, criaturas fáceis de matar, mas extremamente mortais.
A abertura com os créditos cortados já dá a dica do filme que está por vir. E o contato com a heroína Alice é imediato, assim como os perigos que ela vai enfrentar. Aliás, a tática do "susto sonoro" definitivamente veio para ficar. O recurso, fruto da tecnologia e de seu uso na edição, garante bons momentos. De pular na poltrona. E o legal é que mesmo que você esteja esperando, acontece. O que mostra timing do diretor e editor. A seqüência dos cachorros zumbis é muito bacana e a coreografia turbinada pela edição ganha contornos de "arte sanguinária". Alice com suas adagas é um show a parte.
O roteiro é recheado de citações e você não precisa ser fã de carteirinha para sacar traços de Mad Max no comboio, Os Pássaros de Hitchcock, os mortos empalados de Drácula de Bram Stoker e, na hora de Vegas soterrada, a fala "Oh my God!" proferida por Charlton Heston, diante da Estátua da Liberdade, no clássico O Planeta dos Macacos. A maquiagem também é um caso a parte. Destaque para o teste no laboratório com belos closes. A fotografia é árida e sombria e garante momentos bem bacanas. As tomadas do alto (picadas) com a horda de zumbis é angustiante. Mas revela uma das pequenas falhas no roteiro. Por que os zumbis não derrubam a cerca?
Um detalhe muito interessante é notar que Mila não mostra sua intimidade, mas a sensualidade está presente no olhar, nas lutas e no figurino. Ou você nunca notou que a roupa dela remete a uma clássica cinta-liga? Mas a verdade é que mesmo repleto de clichês, como o cientista vilão que sucumbe ao poder, o herói gente boa que se sacrifica pelo grupo e a famigerada batalha final, Resident Evil 3 é bem resolvido. É um bom programa sem sombra de dúvida e para ser assistido em tela grande e com som nas alturas. Que venha o número 4!