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SERGIO LUIZ DOS SANTOS PRIOR
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293 críticas
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2,5
Enviada em 9 de fevereiro de 2012
Lembram-se do jogo "war"? Aquele que você tem de conquistar continentes para ser vencedor? Na sua versão argentina, ele conta com um território que o jogo brasileiro não possui. Seu nome é Kamkatcha, localizada na Ásia. O personagem principal, Harry (Matías del Pozo), um garoto de 10 anos de idade, costumava jogar "war" com o seu pai. E na única oportunidade que poderia conquistar todo o mundo, o pai (Ricardo Darin) resistiu no único território que possuía: Kamkatcha. O filme tem como mote a resistência. No caso, o combate ao regime militar argentino na década de 70. A família de Harry tem de se refugiar das garras da ditadura militar. Passam a ocupar uma casa no interior, afastada de Buenos Aires. A narrativa ocorre sob a ótica do menino. Nós só sabemos da situação política indiretamente. Não estamos diante de um filme que aborda a história oficial, parodiando o título que deu o Oscar de melhor filme estrangeiro para a Argentina, em 1986. Por mais paradoxal que possa parecer, o fato de conviver com a família por 24 horas por dia, isolados de todos os eventos sociais, fez com que Harry desfrutasse desse período. Aqueles pais - a mãe é interpretada pela excelente atriz Cecilia Roth - que presumivelmente passavam boa parte do tempo se dedicando ao movimento político esquerdista, deixando os seus dois filhos com amigos, começaram a conviver de forma interrupta. Ao olhar a família de Harry, esquecendo-se do período histórico em que ela vivia, tudo faz lembrar um "lar" como outro qualquer. Tudo parece mágico para Harry. Por sinal, o menino acha um livro sobre a vida do mágico, melhor dizendo, escapista, Houdini, que ele saboreia. A maior de todas as mágicas seria que aqueles dias no interior da Argentina fossem intermináveis. Nem Houdini conseguiria tal proeza.
Muito bom filme. O mais interessante em "Kamchatka" é o modo leve como o diretor tratou um tema extremamente pesado, a perseguição política decorrente da ditadura militar na Argentina, sem relegar sua importância. A perseguição política está presente em todos os minutos do filme, os próprios personagens a sentem e vivem em constante tensão por causa dela, mas a opção em contar a história através do olhar de uma criança fez com que tal assunto fosse amainado e temas como amizade e a própria família ganhassem maior importância. Em certo momento "Kamchatka" consegue até fazer com que o público esqueça que aquela família na tela está fugindo da ditadura, graças à vida "normal" que conseguem levar durante certo período e à própria união que os integrantes da família demonstram entre si. O filme também é premiado com boas atuações de todo o elenco, com destaque especial para o jovem Matías Del Pozo. Ricardo Darín e Cecilia Roth, nomes mais conhecidos do elenco, estão bem e convencem como os pais preocupados com o bem-estar da família e, ao mesmo tempo, com o futuro político de seu país. Um belo filme, que demonstra sensibilidade ao tocar numa grande ferida da história argentina para, ao mesmo tempo, chocar e divertir o público."
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