Imagino que muitas pessoas que opinam por aqui não entendem alguns significados técnicos do cinema. Nada contra. Mas, imagino, para criticar é preciso conhecer. Concordo com as opiniões que elogiam a fotografia e efeitos de luz. Em alguns momentos, ou nos fazem lembrar de histórias em quadrinhos ou de pinturas em tela. Quanto à realidade do filme, quem foi que disse que o filme precisa ser real? Aliás, filme é ficção, ainda que baseado em "fatos reais". Acho que reforça sim, o discurso americano que justifica fazer guerra, a honra de um povo, a glória do soldado, a liberdade e todo esse ideário estadunidense. Que há zilhões de anacronismos e equívocos, sobremaneira no que se refere a imagem de Xerxes, isso há. Mas, ao que parece, os chamados "filmes históricos", estão cada vez menos preocupados com alguma verosimilhança ou efeitro de verdade. É a grande indústria do cinema em marcha, ávida por bilheteria. Não vamos nos esquecer que Xerxes era Persa, assim como são os iraniano de hoje. Ou melhor, descendentes diretos dos persas. Os iranianos não são e nem falam árabe! Outra leitura que se pode ter do filme é o discurso homofóbico. "Atenienses pederastas" em tom de deboche, além de demonstrar o flagrante preconceito dos idealizadores do filme, não passa de mera estupidez de quem deu essa linguagem de demérito. O significado de pederastia na Grécia antes de Cristo e de pederastia do século XIX, por exemplo, é totalmente diferente. Isso é tão absurdo que não vale a pena comentar. Da mesma forma, atribuir a Xerxes características femininas serviu apenas para ridicularizá-lo. E por fim, continuamos sem ouvir Rodrigo Santoro em sua voz normal nos filmes estrangeiros.