A solidão na terceira idade é abordada através da personagem Regina (Fernanda Montenegro), uma viúva solitária, moradora de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, cuja companhia é sua velha cadela, Betina. Para preencher a sua vida vazia, Regina torna-se informante da polícia carioca. Com o codinome Branca de Neve, ela denuncia a exploração sexual de menores de idade em boates da cidade. Numa determinada noite, munida de seu binóculo, Regina testemunha um vizinho seu do prédio da frente injetar algo na veia de sua esposa, e esta vem a falecer. Qualquer semelhança com "Janela indiscreta", de Alfred Hitchcock, não é mera coincidência. A diferença entre a obra-prima de Hitchcock e o filme que ora analisamos reside no fato de que o protagonista interpretado por James Stewart é um fotógrafo jovem, que fica confinado no seu apartamento por ter fraturado a perna, em contraponto à velha senhora que é uma voyeur por absoluta falta do que fazer. Na verdade, Regina não havia testemunhado um assassinato, mas sim um esposo, Camargo (Raul Cortez), que medicou a companheira devido a um câncer, ou seja, a mulher estava condenada a morrer. Regina e Camargo começam a se encontrar casualmente, até que acabam tendo um envolvimento afetivo. Falar das atuações desses dois grandes atores é chover no molhado. O pecado do filme é que a direção de Marcos Bernstein parece deixar que os dois atores desenvolvam os seus personagens de forma natural. Os pequenos e poucos momentos de brilho do filme devem-se mais aos atores do que a trama, que, por sinal, não consegue fazer com que o espectador torne-se seu cúmplice.