Cruel e Real.
Em certo momento do filme um personagem expõe: "como pode alguém humano ser tão cruel?". É com essa dura frase que podemos considerar o ótimo drama constante na produção. Ambientando no ano de 1994, a película recompõe o conflito político que tomou conta de Raunda, reflexo da total falta de interesse pela democracia e diálogo. Mesmo com a parca ajuda da ONU, os ruandeses padecem diante do conflito que resultou na morte de centenas de milhares de pessoas, mas que pôde ser atenuada graças à coragem e determinação de Paul Rusesabagina (Don Cheadle).
Um dos grandes trunfos do filme dirigido Terry George é justamente não se render aos formatos hollywoodianos que primam pelo heroísmo em detrimento à verdade, pois a história foca-se justamente nas ações simples e repletas de boa vontade do protagonista. A interpretação de Cheadle é digna de nota por moldar um indivíduo simples e bem sucedido profissionalmente, mas que coloca-se justo acima de qualquer decisão. Isso funciona bem, principalmente pelo fato de que o que vemos é verídico, sem ser prejudicado por decisões artísticas que não comprometem o resultado final.
O elenco ainda conta com Joaquin Phoenix, Nick Nolte e Jean Reno no elenco para elevar a pompa de produção caprichada. HOTEL RUANDA é filme para poucos, mas é digno de recomendação pela forma consistente e respeitosa que usou para mostrar o triste conflito. Pode ter suas falhas, mas só pelo fato de causar reflexão já resulta em algo funcional.