O Libertino: um filme de cunho histórico, que conta a história de um dos personagens mais excêntricos e controversos da história, o 2º Conde de Rochester John Wilmott, conhecido por seu temperamento difícil e seus hábitos nada ortodoxos, principalmente no que diz respeito aos seus hábitos sexuais.
Johnny Depp interpreta Wilmott, o personagem principal da trama, que já começa a se desenvolver de uma forma muito interessante, pois a abertura é um prólogo do próprio Wilmot, falando com o espectador e enumerando as razões pela qual ele deveria ser odiado pelos homens, e o porque ele era tão desejado pelas mulheres.
Já de início vemos um homem problemático, e que não consegue conter seus impulsos sexuais, e isso é bem explícito desde o início. Vemos que ele está com sérios problemas na Côrte por conta disso, mas o Rei Charles II (John Malkovich) dá a ele a oportunidade de escrever uma peça, e essa peça deve agradar a realeza francesa, que será recebida pelo monarca britânico.
A trama se desenvolve mostrando o conturbado casamento do Conde com Elizabeth Malet interpretada pela belíssima Rosamund Pike, e a sua atração por uma atriz que ele pretende transformar na estrela de sua peça, mesmo que ninguém veja talento na mesma. A mulher em questão é Elizabeth Berry (Samantha Morton), por quem o Conde acaba se afeiçoando.
O filme mostra toda a construção da peça, que foi considerada pornográfica e subversiva, e chocou a toda nobreza da época. E a partir daí mostra o declínio de Wilmot, tanto moralmente, quanto fisicamente, já que o mesmo termina o filme de forma irreconhecível devido a complicações causadas por uma sífilis severa.
Johnny Depp nos entrega em O Libertino uma de suas mais excêntricas e estupendas atuações, e consegue nos fazer amar e odiar o seu personagem ao mesmo tempo, de forma que vemos a seguinte situação: Wilmot não é bom nem ruim, ele é apenas humano, um homem em sua essência, com um extinto animalesco incontrolável, alguém que sempre sucumbia aos desejos de sua carne, e não escondia isso. O prólogo do personagem é simplesmente de arrepiar, e nos fazem ter uma ideia de que o personagem é alguém que não temos como sentir a mínima simpatia, porém o epílogo, após vermos toda a sua história, nos traz uma outra ideia sobre o personagem, e o próprio personagem reconhece isso ao espectador, quebrando a barreira entre TV e espectador, de forma que você sente o personagem se comunicando diretamente com você, algo extraordinário.
John Malkovich, uma lenda do cinema, tem uma pequena participação na pele do Rei Charles II. E diga-se de passagem está fisicamente irreconhecível devido a brilhante caracterização, um dos trunfos do longa.
Outro destaque do filme é a atriz Samantha Morton, que interpreta o objeto de desjo do personagem de Depp, e mostra toda a evolução se sua personagem que vai do anonimato ao estrelato com a ajuda de Wilmot, a quem ela esnobaria futuramente.
Rosamund Pike é outra grande atriz do longa e que vive a esposa de Wilmot, uma mulher que sempre tentou segurar seu casamento com um homem infiel, e consegue mostrar todo o drama de alguém que ama, e de certa forma não é correspondida.
O trabalho do diretor Laurence Dunmore foi impecável, principalmente no que diz respeito a pesquisar sobre os personagens e seus hábitos, é uma pena que ele só tenha feito esse filme em sua carreira.
As locações e o figurino também se mostraram escolhas mais do que acertadas, já que remontam com perfeição a Inglaterra por volta de 1.640. A caracterização final do personagem de Johnny Depp também é algo louvável, um minucioso trabalho de alguém que entende do assunto.
A fotografia também é esplêndida, tal como a trilha sonora, que se encaixa muito bem na trama.
Em resumo, O Libertino é um grande filme, um trabalho magistral do astro Johnny Depp que merece ser aplaudido de pé por todos os que amam a sétima arte. Eu sem dúvida alguma recomendo...
Nota: 10