É impressionante ver o quanto a vida e a carreira da atriz inglesa criada na Austrália Naomi Watts mudaram no decorrer de 2002 para 2005. Quando Watts estrelou o filme de terror “O Chamado”, do diretor Gore Verbinski, em 2002, ela vinha de uma performance aclamada pela crítica em “Cidade dos Sonhos”, de David Lynch; mas, mesmo assim, ainda lutava para firmar seu nome em Hollywood. O sucesso do filme a tornou conhecida em todo o mundo e marcou o início de uma boa fase na carreira de Watts, que culminou com a sua indicação ao Oscar 2003 de Melhor Atriz pela sua performance no excelente “21 Gramas”, filme do diretor mexicano Alejandro Gonzalez-Inarritu.
Deve ser por isso que Naomi Watts decidiu retribuir. A atriz volta a interpretar a jornalista Rachel Keller em “O Chamado 2”, do diretor japonês Hideo Nakata (que dirigiu as histórias do “Ringu”, que inspiraram os filmes norte-americanos). No primeiro filme, Rachel, enquanto investiga a misteriosa morte de sua sobrinha (Amber Tamblyn, a estrela do seriado “Joan of Arcadia”), descobre uma maldição envolvendo a menina Samara Morgan (Daveigh Chase) e sua mãe adotiva. Rachel e seu filho Aidan (David Dorfman) também foram atingidos por esta maldição e a investigação se transforma em uma luta pela vida de ambos.
Depois de passarem por todo tipo de trauma, Rachel e Aidan deixam Seattle e se mudam para a pequena cidade de Astoria. Eles querem recomeçar a vida. Rachel, antes uma mãe relapsa e workaholic, muda sua rotina para dedicar mais tempo à Aidan, que, por sua vez, ficou ainda mais taciturno e fechado em si mesmo. É em torno do menino e das mudanças em sua personalidade que gira a trama de “O Chamado 2”, filme que coloca Rachel e Aidan, mais uma vez, frente a frente com a maldição de Samara depois que um jovem é encontrado morto após assistir à amaldiçoada fita de vídeo com a namorada Emily (Emily VanCamp, conhecida pelos papeis em seriados como “Everwood”, “Brothers & Sisters” e “Revenge”).
“O Chamado 2”, apesar de ser um filme que repete a mesma estrutura vista em “O Chamado”, possui vários traços de originalidade em sua história. Se em “O Chamado” a sensação de inquietação e nervosismo eram predominantes, em “O Chamado 2” você será invadido pelo sentimento de claustrofobia. Hideo Nakata explora bastante aquele tipo de medo que não pode ser visto, mas se sabe que ele está lá. Entretanto, acima de tudo, o filme mostra o verdadeiro propósito da série: Rachel não luta contra uma maldição, e sim batalha por Aidan. Tudo o que ela faz é para o bem dele e, principalmente, para vê-lo em segurança.