O maior evento cinematográfico do ano irá bater todos os recordes de bilheteria mundo a fora. E a presença de inúmeros panfleteiros da Igreja Batista na porta do cinema, só posso imaginar que o sucesso será estrondoso. A equação é infalível: um romance que vendeu milhões de cópias (Don Brown), Tom Hanks no elenco, Ron Howard na direção, polêmica religiosa (católica) e muito dinheiro em propaganda. A trama é bem conhecida. Jacques Saunière (Jean-Pierre Marielle), curador do Museu do Louvre e um dos líderes do priorado de Sião, que dispõe de um segredo que avilta todos os dogmas da Igreja Católica, é assasinado. O professor Robert Langdon (Tom Hanks), que está dando uma série de palestras em Paris é convocado pelo policial Bezu Fache (Jean Reno) para tentar decifrar uma possível mensagem deixada por Saunière. Achei maravilhoso o sistema de projeção de símbolos durante a aula do professor Langdon. Quisera eu ter o mesmo material. Talves os alunos se interessassem um pouco mais psicologia médica e psiquiatria. Langdon encontra Sophie Neveu (Audrey Tatou), neta do assassinado. A dupla fugirá da polícia e da turma da Opus Dei que não quer que alguns dados biográficos de Jesus Cristo e de Maria Madalena sejam revelados ao resto dos mortais. Eles fogem para a casa, melhor dizendo uma mansão exuberante, do estudioso em religiões, Leigh Teabing (Ian McKellen). Nessa altura, temos uma aula de história e de interpretação. McKellen é quilômetros de distância mais ator que Tom Hanks e que Audrey Tatou. Enquanto ele conta parte da história do catolicismo - com as imagens em branco e preto ilustrando o assunto - temos belíssimos momentos de cinema. O problema é quando as explicações teóricas passam a dominar a narrativa na última hora de projeção, numa espécie de "vômito" informativo. Ron Howard não consegue resolver pelas imagens toda a quantidade de informações que deseja passar do roteiro de Akiva Goldsman. Apesar do cinema se servir da literatura, ele é feito de imagens. É muito difícil um diretor fazer com que um grande livro se torne um grande filme. Uma exceção é "MORTE EM VENEZA", de Luchino Visconti, baseado no livro de Thomas Mann. Não estou dizerndo, em absoluto, até pelo fato de não ter lido, que "O CÓDIGO DA VINCI", de Don Brown, seja sinônimo de grande literatura. De qualquer forma, é importante que as "grandes massas" saibam um pouco sobre Isaac Newton, Leonardo Da Vinci, conheçam um pedacinho do Museu do Louvre, enfim, tenham os seus olhos voltados para a Europa e sua rica história. Só isso já vale o ingresso.