Basicamente estamos de uma viagem de descobrimento de uma dona de casa, Lucia (a bela e excelente, Cecilia Roth), que no dia em que viajaria para o Rio de Janeiro - o filme se passa na cidade do México - com o seu marido, Ramón, este desaparece no aeroporto. Algumas horas depois do evento, ela recebe uma ligação de uma grupo terroritsta "outubro obrero", exigindo $ 20 milhões pelo seqüestro do seu esposo. Lucia, então, descobre que tal soma se encontra escondida no seu próprio apartamento para sua surpresa. A película assume um aspecto policialesco, claro que fortemente influenciada por uma visão surreal. Eis que surgem os outros dois personagens que acabam por completar o triângulo fundamental: Felix (Carlos Alvarez-Novoa), um senhor de 70 anos, ex-combatente do regime de Franco na Espanha, enfim, um idealista e Adrián (Kuno Becker), um jovem músico que se apaixona por Lucia. As relações deste trio vão ditar a autêntica viagem de Lucia, que é a sua transformação de uma dona de casa acostumada ao seu cotidiano enfadonho numa vida onde o inesperado e a paixão estão à sua espreita. O diretor Antonio Serrano, que já dirigiu várias novelas mexicanas, arrancou uma atuação soberba da atriz argentina Cecilia Roth e serviu para solidificar esta que é uma das cinematografias mais promissoras dos últimos tempos, a mexicana. Entre "Era uma vez no México", de Roberto Rodriguez e "Aos olhos de uma mulher", deixe de lado o primeiro um produto hollywoodiano de terceira linha e opte pela viagem poética do segundo.