Sequência de Identidade Bourne (2002), A Supremacia Bourne, dessa vez dirigido por Paul Greengrass, mantem o ritmo do primeiro e consegue ser tão bom quanto.
Dois anos após os acontecimentos de Identidade Bourne, Jason Bourne (Matt Damon) agora tenta se adaptar a uma nova vida com sua mulher, Marie (Franka Potente), enquanto tenta se afastar das memórias de seu passado que o perseguem. A tranquilidade do casal é abalada quando começam a serem perseguidos por Kirill (Karl Urban), aparentemente um mercenário, que acaba matando Marie numa perseguição alucinada. Sendo assim, Bourne volta à ação, determinado a vingar a morte de sua mulher enquanto no desenrolar descobre que seu passado está mais envolvido nisso do que imagina.
Agora nas mãos de um novo diretor, essa sequência segue o mesmo ritmo do primeiro, e sendo assim também apresenta seus aspectos negativos. A começar pela morte de Marie, a qual Bourne aceita muito rápido. Sem tempo para o próprio luto o agente esquizofrênico parte direto para a ação com sangue nos olhos. Claro que, para a personalidade do personagem chega a ser viável tal atitude, mas considerando a importância de Marie na vida de Bourne ele tratou sua morte com certa frieza.
Outro aspecto negativo, talvez um dos mais gritantes, são as cenas de ação. Enquanto elas rolam e a câmera é jogada alucinadamente para qualquer lado, no fundo, no fundo, o espectador percebe que tudo vai acabar bem e ninguém irá se machucar — pelo menos para o lado do protagonista. E isso tira certa emoção das cenas, fazendo com que elas não nos prendam atenção.
Indo para os aspectos positivos, Supremacia tem as suas vantagens. O desenvolvimento do personagem de Damon continua impecável e crível ao ponto do espectador não duvidar da maioria de suas atitudes. Tony Gilroy, o roteirista da sequência, consegue trabalhar da forma mais perfeita o possível o soldado traumatizado pelas memórias da guerra que, sendo assim, começa a travar uma guerra particular dentro de si. E sendo assim, diferente do longa anterior, que fechou com um final feliz, esse mostra que Bourne tem certa dificuldade para se adaptar a sua vida civil justamente pelo seu passado do qual tenta se desassociar mas para o qual sempre corre atrás.
Assim como o primeiro, esse contem, parcialmente, um roteiro previsível. Parcialmente por quê a sequência de Identidade Bourne segue duas tramas: Bourne tentando descobrir por que a Inteligência voltara a persegui-lo enquanto é caçado por dois assassinatos recentes.
O ponto alto é a sensibilidade emocional que Bourne carrega nas costas desde o seu primeiro filme. Apesar das cenas de ação que não tiram nosso fôlego, o longa consegue atribuir certa sensibilidade ao personagem de Matt Damon, fazendo se distanciar do que era a cada vez que chega mais perto de descobrir quem é.
Dessa vez Bourne não conta com uma parceira, sendo até certo ponto vantagem, por que no longa anterior Marie não tinha grandes motivações para acompanhá-lo na busca de sua identidade.
As atuações não são de todo brilhante, porém, cada ator consegue se encaixar em seu respectivo personagem. A fotografia, para um filme de ação, é boa e não se tenta provar surpreende. A narrativa tem o mesmo fôlego do primeiro filme, interessante e atraente, com algumas vantagens a mais de roteiro. E o filme acerta mais uma vez, claro, em trazer de volta aos novos ares os bons e velhos filmes de ação.
A Supremacia Bourne chega para consolidar Jason Bourne como um dos mais novos astros espiões do cinema. Cumpre com o seu objetivo, que é, no geral, um filme de ação, e consegue prender a atenção de seu público alvo. Adicionando pontas soltas para um terceiro filme, Supremacia consegue ser excelente no que faz.
Nota: 8,5/10