"Face a Face" filme do cultuado diretor Ignar Bergman é um exemplo de direção, com uma simplicidade tocante o diretor consegue causar uma aflição iminente, um filme que perturba sem ser explícito, que causa arrepios e pensamentos através de uma condução simples e uma trama cheia de particularidades e simbolismos. Seria muito arrogância explicar o roteiro e seus significados, o diretor Sueco sempre foi profundo em seus textos, e aqui não é diferente, o roteiro conta a história de Jenny, uma jovem médica que se vê presa em um sentimento de aflição e ansiedade que é aflorado após passar por um trauma, Bergman da fisicalidade ao sentimentos de Jenny, todo seu background é pincelado de forma visual através de simbolismos e metáforas, às vezes, até ́a própria iluminação - que neste filme é simplesmente brilhante- ajuda a pontuar os sentimentos de nossa protagonista. O grande incômodo do filme pode ter sido feito de forma proposital, sentimos em diversos momentos erros de continuidade, seja de fala, de troca de cenas, ou até de sequência, porém, assim como Kubrick fez em "Laranja Mecânica", tal artifício parece ter sido usado para causar uma percepção de confusão ao telespectador e contribuir para o seu clima de terror, que aliás funciona muito bem, maquiagem é ótima, fotografia perfeita e uma composição de cenário incrível, que causa um misto entre repulsa e aconchego, sempre criando espaços confortáveis e fúnebres. "Face a Face" pode parecer um filme confuso e trata sobre temas pesados, mas sua direção é precisa, A cópia que assistir não passou por nenhuma restauração então foi possível observar as limitações da época, principalmente considerando que é um filme europeu. 8/10