David Mann está em seu carro pelas rodovias da Califórnia quando começa a ser importunado por um gigantesco caminhão, que parece querer brincar com ele perigosamente na estrada. O que parece ser apenas um motorista engraçadinho de início, acaba por fazer David lutar por sua vida para escapar do lunático no volante.
QUEM VÊ STEVEN SPIELBERG NADANDO EM RIOS DE DINHEIROS POR CONTA DE Tubarão, E.T. e afins, nem se lembra (ou sequer imagina) que o diretor tem dois grandes road movies em sua filmografia: Encurralado e Louca Escapada.
O personagem principal de Encurralado é David Mann (Denis Weaver), que é um sujeito normal. Ao longo do filme, ele aparece falando ao telefone com a esposa dele. Por ali, pode-se concluir que se trata de um pai de família e trabalhador. O destino é a casa de um colega de trabalho, e o compromisso tem hora marcada. Tudo seguia tranquilo desde a saída da cidade, até que um caminhão-pipa apareceu em seu caminho, e por estar lento, David acabou cedendo passagem.
Aparentemente sem motivos, o motorista conduz o caminhão em uma perseguição estranha e começa uma certa competição desnecessária com David. A partir daquele momento, o sufoco toma conta da cena e o suspense contagia o espectador.
duel01O veículo que, como em todo road movie que se preze, se torna um personagem tão importante quanto o seu motorista, é um Plymouth Valiant Signet, fabricado em 1971 e de cor vermelha. Spielberg queria um carro que se destacasse entre as cores neutras do deserto. Já no caso do caminhão, o próprio veículo se torna o antagonista da história. O rosto de seu condutor é um mistério. Peterbilt 281 é o modelo do caminhão, fabricado em 1955. Sua aparência é monstruosa, já que ele está o tempo inteiro empoeirado por conta do clima seco do deserto.
Enfim, o filme é perfeito para quem aprecia obras como Corrida Contra o Destino (Vanishing Point – 1971), Fuga Alucinada (Dirty Mary, Crazy Larry – 1974) e, até mesmo, À Prova de Morte (Death Proof – 2006), já que ele nada mais é do que uma grande homenagem ao gênero tão popular nos anos 1960/1970. Histórias simples, muito suspense, pouquíssimos personagens, o sufoco do deserto em conjunto com o desespero de seus mocinhos… É mais um daqueles filmes que fazem os apreciadores de carros esportivos pensarem que nasceram na época errada.
O longa-metragem é cheio de falhas técnicas, com direito à imagem do Spielberg na cabine telefônica, no melhor estilo “foi sem querer” e uma sombra super esquisita na lanchonete. Mas Encurralado merece três caipirinhas, para celebrar esse início de carreira cheio de ousadia deste artista tão querido. Quem dera se todo diretor começasse tão bem quanto ele.
Muito bom