A primeira informação fundamental é a de que o título em nada tem a ver com o terrorista Bin Laden. O nome Osama está para o Afeganistão como Manoel está para Portugal e José está para o Brasil. O filme aborda o período em que os talibãs estavam no poder no Afeganistão. As cenas iniciais mostram uma manifestão de mulheres que lutavam por seus direitos. A demonstração é fortemente coibida pelo exército. Lembrem-se que as mulheres não poderiam exibir qualquer parte do seu corpo. Os homens que permitiam que as suas esposas exibissem os pés, por exemplo, eram chamados de fracos pelo exército talibã. As burcas tornaram-se simbólicas dessa triste era. O diretor Siddiq Barmak, que viveu boa parte de sua vida na Rússia, não necessitava ter residido em Cabul para contar a forma sub-humana como os xiitas islâmicos tratavam de suas mulheres. Aqui é a história de uma menina (Marina Golbahari), cuja família é composta por sua mãe e sua avó. Provavelmente o pai havia sido morto em alguma guerra. O único modo da família poder subsistir era através da menina se disfarçando de menino, pois assim poderia ganhar algum dinheiro e levar comida para casa. A farsa é desvendada quando Osama - nome dado por um garoto que tentou proteger a menina da perseguição dos demais colegas de escola - menstrua. A pobre jovem é submetida a castigos físicos e a um julgamento público. Ao que parece a única distração dos afegãos era participar desses julgamentos, nos quais um senhor barbudo (os homens não podiam cortar a barba), idoso, denominado de juiz, ficava deitado emitindo os seus pareceres. Um deles foi o de mandar matar um repórter francês que gravou o protesto público das mulheres afegãs. A punição de "Osama" é a de se tornar esposa de um velho decrépito. Ela chorando, pedindo ao "juiz" que a devolvesse para a sua mãe é o momento mais emocionante do filme. A mulheres eram oprimidas por excelência nas mãos dos talibãs. Filme-denúncia que evidencia em detalhes o atraso em que viviam certas sociedades em pleno século XX.