Eis uma comédia simples e sedutora. O filme marca a estréia na direção do canadense J. F. Pouliot. Ele que já havia sido assistente de direção de Sergio Leone em "Era uma vez na América". Ao contrário da grandiloqüência do filme de Leone, Pouliot resolveu explorar o drama de uma comunidade do Canadá francês, a ilha de Saint Marie La Maudern, cujos 122 habitantes viviam do seguro-desemprego. Com o término da exploração da atividade pesqueira há 15 anos, a ilha é deixada ao relento. O prefeito de St. Marie, Germain (Raymond Bouchard) vê a salvação da economia a instalação de uma fábrica na cidade. Para concretizar a implantação da fábrica, Germain terá de subornar um dos empresários da indústria do plástico e, o que é o tema principal do filme, trazer um médico para a sua cidade. Todos os médicos de Quebec recebem folhetos informando das condições paradisíacas que irão encontrar na ilha de St. Marie. Nenhum demonstra interesse, exceção feita ao dr. Lewis (David Boutin), que foi pego com uma quantidade de cocaína, e teria sua pena relevada se aceitasse o trabalho. A população local é estimulada pelo prefeito a mostrar interesse por tudo aquilo que o dr. Lewis gostasse. Então, o críquete passou a ser apreciado - e jogado - pelos homens que gostavam de fato de hóquei, porém, pra agradar o doutor... O gosto pelo jazz-fusion se disseminou, muito embora ninguém apreciasse esse gênero musical em St. Marie. O prefeito e seus amigos grampearam o telefone do médico para saber de todos os detalhes da vida particular do jovem esculápio. Temática semelhante foi abordada em "Doutor Hollywood", filme estrelado pelo ator Michael J. Fox. É inconcebível que esta comédia não tenha recebido uma divulgação maior de mídia, pois, seria capaz de lotar cinemas em todo o país. Lamento o fato de que as gerações mais novas não acompanhem qualquer tipo de filme que não seja de produção made in Hollywood. Eu era o mais jovem da platéia na sessão em que assisti o filme.