Existem filmes que prendem o espectador desde a primeira cena e o levam numa viagem incrível. "O operário" é um desses. Confesso que até poucos dias atrás não havia ouvido falar deste trabalho de 2004 do diretor Brad Anderson, do qual assisti recentemente "Fratura" (2019), um filme de certa forma parecido com este.
Christian Bale é Trevor Reznik, um operário metalúrgico que está há um ano sem conseguir dormir. Trevor é um homem desesperado, isolado do resto do mundo menos que de Stevie, uma garota de programa, e Maria, uma garçonete do aeroporto. Sua integridade mental começa a vacilar quando conhece Ivan, um colega de fábrica. Por causa de Ivan, Trevor provoca a perda de um braço a outro colega de trabalho; ao mesmo tempo em que é dominado por um senso de culpa, começa a sentir-se vítima de um complô.
Uma fotografia quase monocromática e sombria perfeitamente funcional ao enredo e ao cenário degradante do existencial e do trabalho do protagonista, a incrível interpretação de Christian Bale, que perdeu 28 quilos, chegando a pesar 54 e uma direção que leva o espectador a se questionar o tempo todo são os pontos fortes desse suspense psicológico. Cheio de referências ("O idiota" de Dostojevsky por exemplo, com seu personagem principal completamente inadequado ao mundo que o cerca) e de influências (Hitchcock acima de todos) o filme se presta a muitas interpretações interessantes. O final surpreendente deixa algumas questões em aberto.
Imperdível!