Apenas um diretor maduro reúne a condição de realizar um filme como esse( um filme dentro de um filme).Apenas um diretor com absoluto domínio da linguagem cinematográfica, faz um filme dessa densidade, sem cair no ridículo, sem ser piégas, ou incendiário( pela temática abordada). A Má Educação é, acima de qualquer outra coisa, um filme sobre a paixão. Não importa se normal( existe paixão normal?),pecaminosa, criminosa, patológica, ou seja lá o que se possa pretender classificar; e, certamente, não terá sido por mera coincidência que o filme termina com esse nome na tela. Padre Manolo, por exemplo, amou Ignácio com uma paixão doentia, sabendo de todos os males que essa loucura iria acarretar, correu todos os riscos possíveis, e se dipôs a arder no fogo do inferno em nome desse amor desesperado.Homossexual e pedófilo,professor de literatura e depois eleito Diretor de um Colégio católico, é o retrato fiel do falso moralismo que norteia a nossa sociedade, cuja cara verdadeira encontra-se disfarçada( protegida) seja por uma batina, ou por um título nobiliárquico qualquer. Roteiro inteligente e criativo, interpretações convincentes( em especial a do Gael Garcia), que se expôs em cenas de sexo fortíssimas, fazem desse filme um dos maiores; e, provávelmente, o mais polêmico do ano. Amargo, duro, sem heróis( todos frágeis e tragados pelo desejo), é um painel angustiante da paixão incontrolada, própria da condição humana!