Eis mais um exemplo de como boas idéias podem dar origem a péssimos roteiros. No trailer, ou mesmo nos primeiros 30 minutos de filme, os espectadores imaginam diante de uma trama de um thriller psicológico, cujo tema central é uma mãe, Telly (Julliane Moore) que não consegue superar a morte de seu filho de 8 anos num acidente aéreo. A vida de Telly está desmoronando. Não consegue se relacionar bem com o marido (Anthony Edwards). Vive obsessivamente em função das memórias do seu filho. Procura auxílio com o psiquiatra (Gary Sinise), que consegue auxiliá-la muito pouco, já que ela não consegue viver no tempo presente. Pouco a pouco as pessoas ao seu redor vão se esquecendo de todas as memórias de Sam, filho de Telly. Mesmo objetos pessoais do garoto, fotos e fitas desaparecem. Todos ao redor de Telly passam a considerá-la insana. Telly decide procurar um ex-jogador famoso de hoquéi, Dominic West (Ash Corell), que também havia perdido sua filha no mesmo acidente aéreo, e, dessa forma, certificar-se que não estava enlouquecendo. No primeiro momento a reação de Dominic foi idêntica à de todas as pessoas íntimas de Telly, ou seja, repleta de incredulidade. Dominic chama a polícia para aquela mulher tresloucada que invadiu seu apartamento para proferir palavras que ele não conseguia entender. No momento em que os policiais pegaram Telly para levá-la para um hospital psiquiátrico, Dominic lembra-se da filha que ele pensava que nunca havia existido. Nessa altura, o filme é abduzido por seres extra-terrestres que transformaram em risos amarelados o que supostamente tinha a intenção de ser um thriller. A parte técnica - locações sombrias, trilha sonora, as tonalidades das cores onde o vermelho é erradicado - merece elogios. O mesmo não se pode dizer do roteiro estapafúrdio. Coitada da bela Juliane Moore, cuja competência e beleza salvam o filme da hecatombe total.