Garfield, provavelmente, é o gato mais conhecido do planeta. As tiras criadas por Jim Davis são veiculadas diariamente em jornais de todo o mundo. No entanto, para aqueles que ainda não estão familiarizados com o universo do gato, o trailer de “Garfield – O Filme”, do diretor Pete Hewitt, já deixou bem claro: Garfield é um gato feio, gordo e que ama a si mesmo. Porém, o que o trailer não mostrou é que Garfield ainda é extremamente egocêntrico, comilão e preguiçoso. Ele possui um senso de humor único, que beira a ironia, algumas vezes.
Daí a escolha extremamente acertada dos produtores em contratar o ator Bill Murray (indicado ao Oscar 2004 de Melhor Ator pela sua performance em “Encontros e Desencontros”, da diretora Sofia Coppola) para dublar o gato mais abusado do cinema. Murray É Garfield, exceto pelo fato de que o ator não é gordo e, imagino, preguiçoso. Na versão nacional, Murray foi substituído à altura por Antonio Calloni, ator mais conhecido do público como o Mohamed da novela “O Clone”, de Glória Perez.
A história do filme é bem simples: Garfield (em sua espécie digital, bem ao estilo de “Scooby-Doo”) vive à toa na casa de seu dono Jon (Breckin Meyer), fazendo aquilo que mais gosta (comer, dormir, ver televisão e atazanar as vidas dos animais da vizinhança). Jon, podemos dizer, é a versão humana de Garfield, pois, aparentemente, não trabalha, mas vive no maior luxo e desfruta dos bons prazeres da vida; além, é claro, de pegar bastante no pé de Garfield, de quem espera atitudes de um gato normal como perseguir ratos, por exemplo.
A única coisa da qual Jon realmente corre atrás é do amor da veterinária de Garfield, Liz (Jennifer Love Hewitt, que andava meio sumida das telas). E é na ânsia de conquistá-la que Jon irá tomar a decisão que vai estremecer a harmonia de sua casa. Ele adota um cãozinho fofo chamado Odie. É impossível não gostar de Odie e ele chama a atenção de todos, principalmente do Doutor Feliz (Happy Chapman, na versão sem dublagens), que participa de um famoso programa de TV vendendo rações para gatos. É óbvio que Garfield não irá gostar nem um pouco de ter que dividir a atenção e o amor de Jon com Odie. A inveja e a raiva que sente pelo cãozinho vão fazer com que Garfield arrume encrencas com Jon e com seus amigos animais, além de uma série de acontecimentos que também farão com que o impossível aconteça: Garfield irá amadurecer.
Como falei no início, o traço mais marcante de Garfield é a sua ironia. Com o intuito de fazer um filme que agrade à todos os tipos de público foi necessário transformar esta faceta da personalidade de Garfield. O resultado é que “Garfield – O Filme” é um longa de poucos momentos engraçados, no entanto o filme nunca chega a ser enfadonho. Em outras palavras, “Garfield – O Filme” não está à altura de seu protagonista.