O agente secreto Scott (Val Kilmer) é aquele profissional treinado para se defrontar com todo o tipo de situação e, o que é mais importante, não questionar as ordens de seus superiores. O seu sucesso deve-se à sua competência e ao fato de não insurgir-se contra o "status quo" vigente. A operação em questão neste filme é a do resgate da filha do presidente dos EUA, Laura Newton (Kristen Bell), que foi seqüestrada por um grupo de exploradores sexuais de jovens loiras russas e norte-americanas. As moças são levadas para Dubai, nos Emirados Árabes, onde são compradas por homens interessados (e com dinheiro, é claro) em aumentar o número de mulheres em suas famílias... Obviamente o grupo não tinha a menor idéia de que eles havia seqüestrado a filha do presidente da nação mais poderosa do mundo. Na verdade os seguranças de Laura foram remanejados para proteger o presidente numa de suas aventuras extra-conjugais. Pelo fato dela ter tingido o seu cabelo de loiro, ter discutido com o seu namorado e ficado "desorientada", tornou-se um alvo fácil para seqüestros. Até sermos introduzidos a estas informações somos levados a pensar, assim como ocorreria com toda a opinião pública norte-americana e mundial, de que Laura havia falecido num passeio de barco em Martha´s Vineyard, um recanto de milionários e famosos, na costa leste dos EUA. Até mesmo uma prova que evidenciava o DNA de Laura foi devidamente forjada pelo FBI, com consentimento do próprio pai-presidente. As relações familiares da família "real" americana são as piores possíveis, ou seja, ninguém liga para ninguém, exceção feita à imprensa. A missão de Scott terminaria com o anúncio da morte de Laura em todas as redes de televisão, certo? Errado. Um de seus comandados, Curtis (Derek Luke), não se deu por satisfeito e foi atrás de provas de que a Laura ainda estava viva, tendo descoberto um brinco que pertencia a ela. Convenceu Luke a irem por si próprios atrás da filha do presidente, e instalou em Scott o "vírus" do questionamento das ordens superiores. Scott funciona como se fosse um soldado grego da antiguidade: quando uma cidade-estado entrava em guerra com outra, enviava um único soldado para anunciar a decisão bélica. No caso de Scott, coube a ele executar a missão de resgate por conta própria. Um thriller que não guarda qualquer semelhança com os filmes de 007, ou seja, não há glamurização da espionagem. Não há mulheres lindas e sedutoras. Há sim um ótimo roteiro de David Mamet (Oleanna, Cadete Winslow, As coisas mudam, Deu a louca nos astros), que faz deste filme muito mais do que um mero passatempo.