Aqui temos dois cowboys que vivem no interior da América, mais precisamente no estado de Wyoming. Eynar (Robert Redford) e Mitch (Morgan Freeman). A dupla é sexagenária e tem marcas deixadas pela vida. A vida de Eynar foi arruinada com a morte de seu filho num acidente de carro há quase uma década. Já o seu companheiro e ajudante, Mitch, foi atacado por um urso, que o deixou uma série de escaras no corpo e no rosto, além de só conseguir se locomover com o uso de muletas. Ao ver as primeiras cenas de Robert Redford fiquei surpreso com o ex-galã, com a barba por fazer, mau vestido, sem retoque algum. Aqueles que acompanham a carreira do companheiro de Paul Newman em "BUTCH CASSIDY E SUNDANCE KID", se recordam de algum filme que a beleza do fundador do festival de cinema Sundance não tenha sido realçado? Waaal! A rotina da dupla de cowboys que não tem nada a ver com "BROKEBACK MOUNTAIN" gira 180 graus quando Jean (Jennifer Lopez), ex-nora de Eynar, decide procurá-lo para conseguir algum refúgio, ou seja, não tem onde morar. E além disso, ainda tem uma filha de 11 anos, que é neta de Eynar, que não sabia da existência da garota. O cowboy durão, inflexível, cabeça-dura e insensível vai ceder aos encantos de sua neta, que vai ajudá-lo a enxergar que há vida a frente, e que Eynar não tinha o direito de continuar ruminando sobre o passado trágico do seu filho. O ator Morgan Freeman é a encarnação do bom-senso. Ele é um psicólogo sem diploma. Ele simboliza a paz, a inteligência caminhando lado a lado com a tranqüilidade. Cada vez sou mais fã de Morgan Freeman. Só um diretor estrangeiro, no caso sueco, Lasse Halström, aquele mesmo que dirigiu "MINHA VIDA DE CACHORRO", para pegar um roteiro que em outras mãos poderia tornar-se um dramalhão de quinta categoria, e fazê-lo um exemplar de elegância e sensibilidade. Todos merecem uma segunda chance, até mesmo os sessentões. E principalmente o Morgan Freeman.