Conta a história de uma gangue de 40 motoqueiros que acaba com a tranqüilidade de uma pequena cidade. O líder do bando, Johnny se apaixona pela filha do xerife local e as confusões aumentam com a chegada de uma gangue rival.
Antes até do advento da Harley Davidson, nos primórdios do exploitation dos motorcycle movies, a fita da Stanley Kramer Production começa sensacional, com uma música que sobe seu tom dramaticamente, seguida de uma mensagem alarmista, de que a tragédia que seria mostrada poderia acontecer em qualquer lugar. O eco dos anos cinquenta ainda não permitia uma abordagem que não fosse calcada no extremo moralismo. A narração de Marlon Brando, ainda muito jovem, representava o alerta que o sujeito americano deveria tomar para si. É deste modo ultra conservador que começa o filme de Laslo Benedek, usando o conto anárquico para exemplificar o quão selvagens são os adeptos daquele estilo de vida em duas rodas.
Baseado num conto de Frank Rooney, chamado The Cyclists’ Raid, o filme com roteiro de John Paxton e Ben Maddow – que não é creditado – é focado nas ações de bando de desordenados, que cortam a pequena cidade de Wrightsville trajados em suas jaquetas de couro, de postura arredia e regada a antítese do bom mocismo. Eles estão a margem da sociedade, e são liderados pela imponente e sexy figura de Johnny Strabler (Brando), responsável pela alcunha do grupo, Black Rebels Motorcycle Club.
O Selvagem é um daqueles casos de um filme que marcou época, mas que não envelheceu muito bem. Marlon Brando interpreta o líder de uma gangue de motoqueiros que invade uma cidade e arruma um pouco de confusão. Se formos comparar com as atrocidades cometidas hoje em dia, o que esses jovens faziam não era nada demais. Um pouco de álcool, muito barulho, troca de socos, tentativas de abordar mulheres locais, dar zerinhos com as motos e assim por diante. Não consigo ver uma história relevante aqui. O filme serviu mesmo para impulsionar a carreira de Marlon Brando e também a venda de jaquetas de couro, pelo jeito. A ideia era mostrar que a juventude estava ficando um tanto delinquente, um tanto rebelde sem ter uma causa específica. A teatralidade de algumas atuações e a falta de uma trama mais elaborada tornam a experiência pouco interessante. As lições de moral também incomodam um pouco. De qualquer forma, a duração é bem curta, não há tempo para nos entediarmos. E vale a pena também para vermos um grande ator em início de carreira.