Na essência de sua trama, “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”, filme de Colin Trevorrow, faz uma reverência a todos os elementos mais fortes dos três longas originais dessa série, em especial, ao primeiro, que foi dirigido por Steven Spielberg em 1993. Tudo está ali: a entrada das pessoas, com o olhar curioso e ansioso direcionado ao Jurassic Park, na ilha Nublar; a possibilidade de entrarmos em contato, de uma maneira mais próxima, com os seres que foram pioneiros no nosso planeta; bem como a tentação do homem em transformar essa regeneração da espécie em algo potencialmente bem perigoso.
Neste sentido, é importante fazermos um adendo. Estamos em 2015, 22 anos após o lançamento do primeiro filme dessa franquia. O mundo mudou muito. Em primeiro lugar, existe o viés econômico e do lucro. Tudo é analisado e pensado por esse prisma. Em segundo lugar, existe o avanço da tecnologia, que nos permite adentrar em terrenos nunca antes imaginados. “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” tem uma trama com implicações e discussões nesses dois pontos.
Claire, personagem interpretada por Bryce Dallas Howard, representa fielmente o espírito workaholic, totalmente dedicado ao trabalho, com pouco tempo para a vida pessoal e que vive com a pressão de ter a criatividade e a iniciativa necessárias para manter o negócio que ela representa sempre à frente, em evidência. Por outro lado, o Dr. Henry Wu (BD Wong) é o cientista que também encara a pressão de estar sempre oferecendo o algo mais, que aqui, nesse universo, significa a realização de experimentos genéticos que resultem na criação de novos – e mais poderosos e temidos – espécies de dinossauros.
Por isso mesmo, chega até a ser interessante que o herói desse filme seja alguém como Owen (Chris Pratt, o novo queridinho de Hollywood), porque ele representa tudo aquilo que o mundo de hoje não valoriza. Com métodos de trabalho que poderiam ser considerados ultrapassados, ele é alguém que tem a coragem e a ousadia de pôr a mão na massa e, realmente, fazer algo. Desta maneira, não é surpresa perceber que, quando a mais nova criação do Dr. Wu se revela ser uma aberração que coloca em sérios riscos a existência, não só do Jurassic Park, como dos seus trabalhadores e seus visitantes, seja ele a voz racional e consciente a tomar as rédeas e o controle da situação.
Maior sucesso do ano, “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” é um filme surpreendente. Não só por causa da boa tensão construída por Colin Trevorrow; da agradável surpresa de assistirmos a uma personagem feminina forte como Claire – e que nunca desce do salto, literalmente; e da constatação de que Chris Pratt é mesmo o próximo grande astro do cinema hollywoodiano (merecidamente, por causa do seu carisma e da sua humildade). Mas, principalmente, porque seu roteiro nos permite ver essa história por prismas inimagináveis – ainda mais se tratando de um blockbuster. Marquem minhas palavras: “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” se transformará em um case para o mundo dos negócios e da comunicação (especialmente no que diz respeito ao tema “gerenciamento de crises”).