Minha conta
    As Mil e Uma Noites
    Média
    3,1
    13 notas
    Você assistiu As Mil e Uma Noites ?

    2 Críticas do usuário

    5
    0 crítica
    4
    1 crítica
    3
    0 crítica
    2
    1 crítica
    1
    0 crítica
    0
    0 crítica
    Organizar por
    Críticas mais úteis Críticas mais recentes Por usuários que mais publicaram críticas Por usuários com mais seguidores
    Kleber L.
    Kleber L.

    2 seguidores 70 críticas Seguir usuário

    2,0
    Enviada em 6 de abril de 2024
    mais um filme esquisito e sem pé nem cabeça do Passolini! tem o mérito de ser bem cru e rude na direção, o q dá uma certa naturalidade, mas o filme é besta mesmo! Bobão!
    Nino G.
    Nino G.

    4 seguidores 26 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 30 de junho de 2017
    "A verdade completa não está em um sonho, mas em vários”. Com essa citação que Pasolini, um dos mais idiossincráticos de todos os cineastas, inicia “Il Fiore delle mille e una notte”. A estranheza e a dificuldade de seu trabalhos decorrentes de seu compromisso com a contradição: A base desse compromisso foi a recusa de abandonar as influências diversas e parcialmente irreconciliáveis ​​que determinaram a natureza de sua arte: o catolicismo, o marxismo, a homossexualidade, as favelas urbanas (cenários de seus primeiros romances), o campesinato, o neo-realismo, um apego ao fantástico e milagroso.

    Enquanto “Il Fiore delle mille e una notte” parece estar tão distante das propostas do neo-realismo (na tentativa de capturar as realidades externas e internas do momento contemporâneo), o diretor ainda assim, consegue permanecer, incrivelmente, fiel à estética neo realista: O uso de atores não profissionais, cenas filmadas em locais externos e reais (sem a interferência de cenários artificiais ou construídos especificamente para o filme), e a espontaneidade do jogo.

    Escrito (com a colaboração de Dacia Maraini) e dirigido por Pier Paolo Pasolini “Il Fiore delle mille e una notte” (1974), é o terceiro e último capítulo da " Trilogia da Vida " depois de “l Decameron” (1971) e “I racconti di Canterbury” (1972). Chama atenção a grandiosidade do trabalho de externas, tendo cenas rodadas no: Iêmen , Etiópia , Irã , Índia e Nepal, e tendo um pré-projeto muito mais complexa durante a elaboração do roteiro, sofrendo grandes modificações durante a fase de montagem. O filme foi premiado em 1974, no Festival de Cannes, tendo alcançado o Grande Prêmio.

    “Il Fiore...” é baseado principalmente em uma história que atua interligada a outras, isto é, são mini-histórias ou episódios, que no final se interligam em uma grande fábula de um mundo onírico, sendo o protagonista desta história, o jovem casal de amantes, “Nur-ed-Din” (Franco Merli), jovem alegre e com ar de bobo e “Zumurrud” (Ines Pellegrini), uma escrava encantadora e muito esperta. Deste casal que marca a história inicial e principal como um fio unificador, Pasolini conta, seis outras histórias (organizadas em dois grupos de três), dentro de uma estrutura de cinco partes.

    Cada trio de histórias tem seus próprios temas internos. Os três primeiros (anedotas breves), estão preocupados com a sexualidade e a igualdade, sendo o terceiro (mais desenvolvido) que acaba em um empate e na demonstração de que o desejo feminino e o desejo masculino são igualmente potentes. As histórias do segundo trio estão todas preocupadas com as noções do Destino: duas histórias em que o destino se mostra inescapável estando incluídas em uma trajetória em que o destino é superado. Além disso, a história de Aziz, Aziza e Badur está em contradição com a história do quadro de Nureddin e Zumurrud. Eles são ligados pela contradição de que "a fidelidade é linda, mas não mais do que infidelidade". No conto de Aziz, o conflito leva à morte e à castração, mas na história principal, a fidelidade e a infidelidade são reconciliadas: Nureddin, em busca de sua amada, pode ser levado a inúmeras diversões sexuais deliciosas, mas sua fidelidade a Zumurrud é sempre triunfante sobre eles, e finalmente recompensados ​​em um final feliz que joga (a fim de repudiar) as relações de poder sexual.

    O reconhecimento e a celebração da diversidade são um aspecto de um dos movimentos centrais do trabalho de Pasolini: o esforço para redescobrir um senso do maravilhoso, o mágico. De todos os filmes de Pasolini, “Il Fiore delle mille e una notte” se destaca por perceber o senso comum das relações sexuais, do seu prazer e divertimento, e promove isso, através de um erotismo purgado de toda a contaminação da pornografia. As relações que se estabelecem com favores sexuais ou no fim concretizado pelo sexo, muito mais do que gratuitas ou vulgares, se apresentam como algo humano e comum a todos, sem julgamento de valores, mas pelo prazer da auto-satisfação.

    O roteiro ainda que construído sobre uma estrutura muito rígida e dividido em três atos, e cada um dos quais, no que lhe diz respeito, divididos em quatro partes, com a forte presença da estrutura como um elemento de ligação e de homogeneização entre as histórias escolhidas por Pasolini e baseadas nos contos “As mil e uma noites nas arábias”, em suma, o mesmo material narrativa é, em vez disso, apresentado na película numa forma rapsódica e contínua. Porém, podemos observar em vários momentos a marcante presença do autor (roteiro) e diretor, transmutado em discursos e defesas redundantes a Pasolini, no tocante ao posicionamento político, sua homossexualidade e afirmação óbvia da fé e da heresia.

    O trabalho de movimentação de câmera é muito curioso, já que Pasolini optou pelo uso de câmera na mão (mais uma clara referência ao neo-realismo), o que gera uma movimentação intensa, quase documental e que associada a bela fotografia de Giuseppe Ruzzolini, resulta em um trabalho grandioso e que sabe tirar vantagem das inúmeras e belas locações, tendo registrado países que ao longo da história se fecharam por conflitos e guerras. Ruzzolini realiza também uma fotografia viva e que não diferencia o que é realidade de um sonho, algo que podemos compreender como uma posição assumida em não definir, dando liberdade ao espectador de entender tudo como um grande sonho ou conto, e de fazer suas próprias separações. Destaque também para o trabalho da Rank Film Labs, com efeitos especiais simples e praticamente artesanais e que dialogam com a ideia de um conto, de uma narrativa de fábula, ainda quê permeadas de crítica e senso político.

    Pasolini expressa através do cinema: beleza, amor, verdade e justiça. Pasolini é essencial pelo seu caráter provocativo, jocoso e sem pudores em ir ao fundo de temas controversos e que a sociedade busca escamotear, tão pouco ainda, acompanhar em um filme. “Il Fiore delle mille e una notte” é um deslumbre de imagens que aludem ao sonho de um mundo imperfeito, mas essencialmente humano e por isso passível de erros que se assumem na tentativa de acertos.
    Quer ver mais críticas?
    • As últimas críticas do AdoroCinema
    • Melhores filmes
    • Melhores filmes de acordo a imprensa
    Back to Top