Baseado no livro "Seven Pillars of Wisdow" do próprio T.E. Lawrence e adaptado brilhantemente por Robert Bolt e Michael Wilson, que escreveram o que muitos consideram um dos melhores roteiros da história do cinema.
Por isso é espantoso o fato do filme ter perdido o Oscar nesta categoria e mais absurdo ainda Michael Wilson não ter sido creditado na indicação, por estar na lista negra de Hollywood, fato vergonhoso que foi corrigido postumamente em 1995.
Dirigido pelo mestre David Lean, que soube como ninguém comandar grandes produções e aqui alcançou a perfeição como poucos, mostrando todo seu talento que mais uma vez foi consagrado merecidamente com o Oscar de Melhor Diretor.
Filmado em uma região inóspita como os desertos da Jordânia, Lean comandou alguns dos melhores profissionais do cinema e parte desta grandiosa equipe, mesmo estando longe do conforto dos estúdios, elevou a outros patamares o padrão de qualidade dos grandes épicos, como Freddie Young que começou sua parceria com Lean neste filme e venceu o 1° de seus três Oscar (todos por filmes de Lean) pela grandiosa, magnífica e talvez a mais bela fotografia do cinema. O grande compositor Maurice Jarre também iniciou sua parceria com Lean com uma das trilhas mais belas e majestosas da história e venceu o 1° de seus três Oscar (todos por filmes de Lean) merecidamente, sendo constantemente apontada como uma das maiores da história.
Em uma profissão onde os homens dominam, Anne V. Coates foi uma das primeiras editoras e recebeu o Oscar de Melhor Edição, por seu trabalho monumental em Lawrence da Arábia, um feito extraordinário para uma profissional que com mais de 80 anos continua ativa. O trio de Diretores de Arte, John Box, John Stoll e Dario Simoni, reconstituíram com perfeição época e lugares, de forma extraordinária e com isso vencendo o Oscar de Direção de Arte. Da parte técnica, outro que destacou-se foi John Cox, que foi o responsável pelos Efeitos Sonoros que deram vida a este grande clássico e por isso levou o Oscar de Melhor Som.
Parte do sucesso do filme deve ser creditado ao grande elenco, principalmente a Peter O'Toole que deu vida a Lawrence, de forma brilhante e inesquecível. Hoje sua atuação é apontada com uma das maiores da história, por isso é um absurdo um grande ator como este, que além de não ter sido premiado com o Oscar, ainda recebeu mais 7 indicações e a última foi depois de receber o prêmio honorário da Academia! Omar Sharif foi um achado e uma das melhores revelações da época, esta foi sua estreia no cinema ocidental e foi com o pé direito, já sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e ainda saindo vencedor no Globo de Ouro como Coadjuvante e Melhor Revelação.
Dos habituais parceiros de Lean, Alec Guinness foi um dos maiores e tendo trabalhado desde os primeiros, aqui nos mostra do que os grandes atores são capazes, com autoridade, elegância e presença interpretando o Príncipe Feisal.
E por fim Anthony Quinn como Auda Abu Taiy, em grande atuação e vale destacar sua caracterização que o deixou quase irreconhecível.
O Oscar de Melhor Filme foi para o produtor Sam Spiegel, que já havia sido premiado anteriormente 2 vezes e seu Oscar anterior era justamente por um filme de Lean, novamente a parceria foi bem sucedida e o filme é celebrado até hoje como uma das maiores obra-primas da Sétima Arte, sendo o 5° colocado em uma lista de 100 filmes do Instituto Americano de Cinema. É o filme preferido de muita gente, por exemplo, Steven Spielberg é um dos fãs deste clássico e chegou até a bancar uma de suas restaurações.
Eu gosto de vários filmes, mas costumo dizer que se for para nomear apenas um, o escolhido com certeza é Lawrence da Arábia, que mesmo 50 anos depois continua fascinando como nunca e com certeza continuará daqui mais 50.