Baseado em uma história real, Um Grito no Escuro, filme dirigido e co-escrito por Fred Schepisi, conta a história do casal Michael (Sam Neill) e Lindy Chamberlain (Meryl Streep, em performance indicada ao Oscar 1989 de Melhor Atriz), que, durante uma viagem de férias na área conhecida como Ayers Rock, em 1980, viram a sua filha Azaria, de 9 semanas, desaparecer e ser morta após um ataque de dingo (uma sub-espécie de lobo) na barraca da família.
Os acontecimentos que se sucederam à morte de Azaria transformaram Lindy e Michael nos protagonistas de um dos casos mais controversos da história da justiça australiana. Condenados previamente pelo público e submetidos ao escrutínio de uma mídia que não exibia qualquer compaixão pelos pais de Azaria, Lindy e Michael passaram anos tentando limpar seus nomes da acusação injusta de terem assassinado a própria filha - o filme foi lançado no ano (1988) em que eles receberam o perdão judicial da Suprema Corte do Território Norte, entretanto todas as acusações só foram retiradas em 2012, quando a família Chamberlain conseguiu, finalmente, que a justiça comprovasse que Azaria morreu em decorrência de um ataque de um dingo.
Em muitas maneiras, Um Grito no Escuro é um filme que incita à reflexão. Em primeiro lugar, a de que todos são inocentes até que se prove o contrário. Em segundo lugar, sobre a responsabilidade do trabalho da mídia, especialmente em um caso de comoção pública, como o da morte de Azaria Chamberlain. Em terceiro lugar, sobre a consistência do trabalho jurídico, uma vez que o caso dos Chamberlain foi retratado de uma maneira absurda, com provas circunstanciais e com um trabalho contestável realizado pela polícia forense.