Um ex-agente da CIA, Creasy (Denzel Washington), com missões nos mais diversos países do terceiro mundo, vai visitar um colega de agência, Rayburn (Christopher Walken), na cidade do México. Creasy está desempregado, tornou-se um alcoolista e amargurado com o seu passado. Aqui já teríamos um prato cheio para um bom diretor explorar o drama de um homem convivendo com os seus demônios. Se Tony Scott, irmão menos talentoso de Ridley Scott, tivesse menos preocupado em ficar exibindo trucagens de câmeras e efeitos especiais, de forma a tornar o filme um pouco distante de um realismo puro, aí a coisa seria diametralmente diferente. Presumimos que por ter participado de missões que acarretaram a morte de muitas pessoas, dentre elas vários inocentes, o passado não dá sossego ao ex-agente da CIA. A solução é beber e esquecer. Rayburn consegue um emprego para Creasy como guarda-costas da filha de um industrial da área automobilística (interpretado por Marc Anthony, que eu prefiro ouví-lo cantando do que vê-lo atuar). Temos que dizer que os seqüestros na cidade do México são extremamente comuns. Aquelas famílias que não possuíssem um guarda-costas seriam alvos mais fáceis na mão dos meliantes. A pequena Pita (Dakota Fanning, brilhante) dá um novo significado à vida de Creasy, que torna-se uma espécie de pai da menina. Quando ela é seqüestrada e pretensamente morta, Creasy utiliza a sua experiência na CIA e vai matando um a um dos que participaram da ação. Torna-se o homem que faz justiça com as próprias mãos, num país que é corrupto até a medula. A visão dos policiais e do governo mexicano é a pior possível. Nessa altura, o filme torna-se uma catarse pura, pois imaginamos que uma pessoa como Creasy, se existisse em nosso país, poderia fazer mais justiça em poucos dias do que qualquer instituição estabelecida. Um filme frenético, que causa um grande aturdimento na platéia. Mas que poderia ter sido muito mais, e, infelizmente, não foi.