Quando as filmagens de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foram iniciadas em 2001, os atores Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, que interpretam Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weasley, respectivamente, eram ainda crianças. Na medida em que a franquia do bruxinho progredia era impressionante de se ver o quanto esses atores foram crescendo.
E eles amadureceram no momento certo. “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, o terceiro filme da saga do bruxinho, tem uma trama mais densa, sombria e obscura do que a dos outros livros – e filmes – da série. Nela, Harry, que antes era visto sob um prisma de conformidade beirando, às vezes, a apatia; aparece com uma personalidade mais marcante, contestadora e rebelde. A mudança mais significativa, no entanto, decorre do fato de que vemos pela primeira vez em Harry um instinto maior de defesa e de vingança. Nunca a vontade de vingar aquilo que fizeram a seus pais e de machucar aqueles que lhe fazem mal foi tão forte.
A trama de “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” é bem simples e retrata a volta de Harry para mais um ano escolar em Hogwarts, depois dos habituais problemas familiares ocorridos nas férias. Sendo que, mais uma vez, Harry se depara com um grande conflito. O prisioneiro mais temido de Azkaban, Sirius Black (Gary Oldman), escapou da prisão e agora está na caça de Harry, por ele ter vencido Lorde Voldemort. Sirius quer matar Harry, por acreditar que, com ele morto, Voldemort voltará à ativa.
A fuga de Sirius da prisão deixa um ar mais sombrio e preocupante em Hogwarts. Guardas sinistros passam a proteger a escola (os chamados Dementadores), acontecimentos estranhos começam a ocorrer, pessoas que todos julgavam como mortas reaparecem, enquanto outras desaparecem, ao mesmo tempo em que Harry descobre novos fatos acerca da morte dos seus pais. Mas, nem tudo será sombrio em Hogwarts. As nossas personagens estão amadurecendo e despertando para o amor. Momentos de ternura entre Harry, Hermione e Ron não passam despercebidos, ao mesmo tempo em que se tornam mais freqüentes (especialmente entre os dois últimos).
Entretanto, de todos os elementos que provam o amadurecimento da série e das suas personagens, o mais importante de todos foi a troca de direção. Sai Chris Columbus (que continua como produtor dos filmes da série), diretor que dá um ar mais juvenil às suas produções, privilegiando os efeitos em detrimento da história; e entra o ótimo Alfonso Cuarón, diretor de “E Sua Mãe Também”, o qual privilegiou as personagens e atores (a história em si) sem esquecer de destacar os efeitos visuais e especiais. O trabalho de Cuarón foi sensacional e deixou a tarefa de Mike Newell (“Quatro Casamentos e um Funeral”), que dirigiria “Harry Potter e o Cálice de Fogo“, muito mais difícil. Com isso, só quem teve a ganhar foram os fãs do bruxinho.