Trata-se de um típico filme do Carlos Saura, ou seja, que privilegia muito mais a forma do que o conteúdo. Na verdade "Salomé" é um filme mais belo de se ver do que propriamente bom. O filme é dividido nitidamente em duas fases: a preparação para a encenação de "Salomé" e a peça propriamente dita. Na primeira podemos conhecer um pouco melhor dos dançarinos e de toda a produção da peça, incluindo cenografia, iluminação, coreografia e outros detalhes. A segunda parte é inteiramente sem diálogos e se resume à encenação da peça através da dança. Trata-se de uma encenação belíssima, muito bem feita e também bem produzida. A iluminação, a participação dos principais atores, as coreografias, tudo é digno de aplausos pela dificuldade e também pela beleza do que é mostrado. Porém para que isto aconteça Saura, mais uma vez, abre mão do roteiro e transforma o filme em uma espécie de teatro filmado. Trata-se de um bom filme, mas será melhor aproveitado por quem aprecia a arte da dança.