Baseado em um assalto real ocorrido em 14 de junho de 1960, às oito horas e vinte e cinco minutos da manhã, a quadrilha liderada por Tião Medonho, cinco mascarados armados de metralhadoras e revólveres deram o bote no trem pagador de prefixo SAP-21, tripulado pelo maquinista Venceslau José de Castro e pelo foguista Pedro José da Silva.
Nesse momento, a composição chegava à chamada “Curva da Morte”, no quilômetro 71 da linha auxiliar da Central do Brasil, próxima à estação Japeri.
Levava o pagamento de mais de mil ferroviários dessa e outras estações. Não era pouca coisa: 27 milhões de cruzeiros, a moeda brasileira da época. Daria para comprar 108 fuscas, modelo do ano, 0km, ou montar um impensável corcovado de 1.350 toneladas de batata de primeira qualidade. Todo esse dinheiro estava contido numa caixa de madeira, guardada pelo pagador Cícero de Carvalho e dois auxiliares.
Para facilitar o ataque, os assaltantes dinamitaram os trilhos e fizeram descarrilar a locomotiva e o vagão. Entraram no trem disparando. Mataram um funcionário da ferrovia, Francelino Paulino Correa, que estava fora de serviço, viajando de graça, e feriram outros quatro. Pegaram o dinheiro e fugiram numa camioneta Ford de cor creme.
O filme causou impacto por sua forte dose de realismo. Os tiros foram de verdade.
O vagão usado foi o mesmo do assalto. Estava sendo desmontado na oficina, mas a Central concordou em reconstruí-lo, e na filmagem apareceram até os furos das balas de 1960.
Muitos dos atores coadjuvantes foram os próprios funcionários que conduziam o trem no dia do crime. Por exemplo, o maquinista Venceslau José de Castro.
Trata-se de uma reconstituição livre na qual somente o nome do líder da quadrilha foi mantido.
O protagonista, Tião Medonho, foi interpretado pelo ator negro Eliézer Gomes, funcionário público, protestante e cantor da Igreja Presbiteriana de Madureira. Até então jamais havia aparecido no cinema, foi escolhido num concurso nacional.
Rodado em 62 dias, ao custo de 18 milhões de cruzeiros, mais da metade do que fora roubado do trem pagador, havia dois anos.
Nos extras do DVD existem duas versões do filme, a original e a comentada pelo diretor, com legendas em português, inglês e espanhol. O trailer do filme é apresentado por Grande Otelo e mostra, entre outras informações, o concurso que escolheu Eliezer Gomes para o papel de Tião Medonho.
PRÊMIO SACI
Ganhou
Melhor Ator Coadjuvante - Jorge Dória
Melhor Atriz Coadjuvante - Dirce Migliaccio
Melhor Roteiro - Roberto Farias
PRÊMIO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Ganhou
Melhor Roteiro - Roberto Farias
FESTIVAL DE CURITIBA
Ganhou
Melhor Atriz Coadjuvante - Luíza Maranhão
Melhor Revelação - Eliezer Gomes
TROFÉU CINELÂNDIA
Ganhou
Melhor Revelação - Eliezer Gomes
FESTIVAL DA BAHIA
Ganhou
Melhor Filme
Melhor Ator - Eliezer Gomes
Melhor Atriz Coadjuvante - Luíza Maranhão
Melhor Roteiro - Roberto Farias
FESTIVAL DE LISBOA
Ganhou
Prêmio Caravela de Prata
FESTIVAL DE ARTE NEGRA
Ganhou
Prêmio Especial do Júri
Eleito o décimo nono melhor filme nacional de todos os tempos segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).