Minhas impressões:
Primeiro filme de Akira Kurosawa que vejo, Ran apresenta a decadência de um antigo senhor samurai (Hidetora) que construiu seus domínios com diversas guerras e espalhando o terror. O filme começa com a decisão do antigo samurai de dividir seus domínios entre seus três filhos. Nesse momento, o terceiro filho é expulso da família após uma discussão, ficando a divisão entre os dois filhos mais velhos.
Logo no começo do filme, pareceu-me que Hidetora não tinha aceitado deixar o poder e se submeter aos seus filhos, que agora eram senhores, e acreditei que o filme caminharia nesse sentido. O que ocorreu foi exatamente o contrário, os filhos é que se acharam senhores de tudo e desprezaram o pai. O filho do meio até atacou e matou o mais velho e dominou seu castelo, depois traiu, atacou e queimou o castelo de seu pai, que enlouqueceu e saiu andando no meio de todo o exército inimigo, numa cena assustadora em que acreditei que esse filho o mataria.
Hidetora não morre, vaga enlouquecido e é encontrado por dois fiéis servidores, que o guardam. Se aqui se faz e aqui se paga, Hidetora paga em vida por seus pecados, seja pela traição de seus dois filhos seja nos momentos em que encontra pessoas que mutilou ou que matou a família.
Algo incrível no filme acontece no momento em que o terceiro filho, que foi rejeitado, retorna para procurar o pai, que o reconhece apesar da loucura e fica imensamente feliz com o reencontro, nos dando algumas cenas que definiriam perfeitamente o que é a felicidade e, logo em seguida, com uma habilidade típica das filmagens orientais, o que é a tristeza.
Violência só gera violência, essa é a mensagem que o filme parece me trazer, demonstrando de maneira brilhante como isso repercute seja no aspecto psicológico do personagem, seja nos fatos de novas guerras e traições.