A pobreza material, a pobreza de espírito e a estupidez humana é igual em qualquer lugar. Aplicando-se a classificação corrente, é possível dizer que, enquanto Spielberg é um romântico (que exagera até, em alguns casos, prejudicar a obra), Ken Loach é um realista que não faz concessões, mas isso, por si, não significa nada, a qualidade do filme está mesmo em que, apesar de haver miséria e angústia, essas situações não são exploradas com aquele sadismo próprio de obras roliudianas, não há beleza no sofrimento, o que é bela é a força humana que emerge em breves momentos. Como é natural em todos nós, o personagem principal dá chance ao azar mesmo quando poderia fazer melhor, e, como acontece com os desafortunados em alto grau, ele é indiferente ao mundo que lhe é indiferente, mas não sem sentir as consequências dessa dupla indiferença.