O tema é clássico, a roupagem é moderna. É assim que a franquia Underworld (ou Anjos da Noite, no Brasil) se apresenta eu seu primeiro filme. A ideia de pegar criaturas fantásticas clássicas e antigas e atualizá-las para uma nova geração foi um acerto aos idealizadores desse filme. Toda a rivalidade entre vampiros e lycans (uma variação dos lobisomens) é muito bem explorada pelo filme, onde entende-se a princípio que os imortais de pele clara são caçados pelos licantropos de, milhares de anos atrás, até os dias atuais. A personagem principal Selene é realmente a estrela do filme e o carrega inteiro nas costas. Nem mesmo outros personagens legais como Lucian, Michael ou Viktor tem o mesmo brilho que a atriz Kate Beckinsale. Suas cenas de luta são muito bem coreografadas e você quase não percebe a presença de dublês. Outro ponto interessante é como o filme não tem medo de ousar na violência. Cabeças cortadas, tiro no rosto e membros decepados são comuns aqui. O grande problema do primeiro filme talvez seja seu escopo grandioso, mas sua execução fraca. Quando se pensa em filmes de ação e batalha contra duas criaturas poderosas como essas, você quer realmente ver a grandiosidade de tudo e, pelo menos nesse primeiro filme, as coisas são bastante contidas. Várias lutas se passam em lugares pequenos e apertados e você quase não vê os Lycans totalmente transformados em tela. Parece claramente ser uma questão em que o orçamento prejudicou o conto da história. Outro problema é o núcleo do Clã dos Vampiros que é bem genérico e clichê. Lá há lindas vampiras com roupas provocantes em vermelho que ficam apenas passando, para lá e para cá, como se não houvesse uma guerra acontecendo. As cenas dentro da mansão do clã são forçadas e recorrentes demais, chegando a enjoar.
O primeiro filme não é o melhor dessa franquia mas cumpre o papel principal: criar o mundo, a mitologia e nos apresentar a personagens que serão muito melhor explorados nos próximos filmes, principalmente a protagonista Selene.