Quem é que não vai ter uma última noite? A última noite de solteiro, a última noite vivo, a última noite pobre (essa podia chegar logo), a última noite feliz. Querendo ou não vamos todos aqui, no nosso mundo azul de 2/3 de água, ter uma última noite, por mais estranha ou banal que seja essa coisa que será a última. Mas se isso já é ponto arrematado, pra que ficar batendo nessa tecla? Porque o que interessa não é se isso vai acontecer ou não, mas sim o que vamos fazer dessa última noite. Vivo dizendo que minha vida é como a de um membro do AA, porque não me importa o que aconteceu hoje, nem ontem, mas sim o que está acontecendo agora. É estranho isso, porque sabendo que a última noite pode chegar a qualquer momento, sinto cada vez mais que minha teoria way of life step by step está certa. Sei lá. Mas ta na hora de parar de filosofar e dizer o propósito dessa coisa toda. Spike Lee é o responsável por isso. O filme chama A última noite, mais conhecido pelos gringos como 25Tth hour. É simplesmente uma obra de arte. Não tenho uma opinião concreta sobre o Spike Lee, porque já vi coisas que gostei e outras que odiei. Já chamei o cara de Woddy Allen do Bronx e hoje admito que tem um potencial de genialidade cinematográfica muito grande. A última noite é um filme sobre Monty (Edward Norton) que está às vésperas de ser trancafiado pelos próximos sete anos, porque dançou pro DEA. E nessa última noite o velho Monty (que eu acho que deveria ter sido interpretado pelo Sean Penn) reflete um pouco sobre tudo o que está rolando, tudo o que rolou e o que é pior. O que está vindo por aí, o tempo mais barra pesada da vida do cara. O filme fala sobre tudo: ganância, amizade, desconfiança, amor, desilusão, culpa, remorso, cachorro, traição, drogas, reflexão, e por aí vai. Ou seja, coisinhas que todos nós estamos acostumados com o andar da carruagem. Uns mais, outros menos, é claro. Mas o que vale a pena no filme é a porra de uma cena no banheiro do restaurante do pai do cara. O roteiro que achei na Internet não tinha essa parte, por isso não transcrevo o texto, mas digo que é simplesmente do cacete. Ele explode de raiva, xinga tudo e todos, tem base pra tudo o que fala, mas percebe que o problema não é nada daquilo. O buraco é bem mais embaixo e ele se toca nisso na frente de um espelho que está escrito um FUCK YOU superapropriado para o momento. Então, meninas e meninos do meu Brasil. Se não têm programa para o final de semana, ou para qualquer outro dia, a locadora mais próxima pode ser uma ótima opção de assistir um filme que posso classificar no mínimo de bom pra caramba.