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    Maus Hábitos
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    Crismika
    Crismika

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    4,0
    Enviada em 18 de maio de 2022
    Uma cantora de cabaré que leva uma vida desregrada e um dia presencia a morte por overdose de seu namorado. Procurada pela polícia, ela decide buscar refúgio no convento das Redentoras Humilhadas, cuja Madre Superiora é sua grande fã. Lá, encontra uma comunidade de freiras pobres que já foram prostitutas, viciadas, cafetinas, criminosas e, mesmo no convento, não abandonaram os maus hábitos. Por se tratar de um filme de 1983, onde Almodóvar não tinha tantos recursos, o filme surpreende e garante boas gargalhadas. Vale a pena, pura diversão!!!
    c4rlc4st
    c4rlc4st

    940 seguidores 316 críticas Seguir usuário

    3,0
    Enviada em 13 de fevereiro de 2021
    Criticar e satirizar a religião pode ser batido hoje em dia, mas em 1983 essa pérola foi um escândalo. As freiras com tendências homossexuais e usuárias de entorpecentes chocaram a ponto do filme ser rejeitado por Cannes.

    A princípio, essa dualidade pode ser considerada exagerada, mas é a forma que Almodóvar encontra de criticar o radicalismo das alas mais tradicionalistas da Igreja Católica. O correspondente paralelo aos exageros do hedonismo é o conservadorismo religioso, especialmente a imagem de uma freira, que no imaginário popular, são sinônimo de santas. Portanto, pecados "mais leves" não seriam suficientemente efetivos para retratar o lado imoral dessas irmãs, uma vez que a intenção do diretor é questionar a moralidade incorruptiva dos membros da Igreja, que estava muito forte na época.

    Essa força da Igreja se deve ao Franquismo, um regime nacionalista que promovia o conservadorismo e o catolicismo. Dado esse contexto, outras críticas ao modo de pensar Católico são tecidas ao longo do filme, e às vezes, até de forma humorística, que cai muito bem no tom que o diretor quer imprimir. Os nomes pejorativos que as freiras se dão, além de ser engraçado, questiona os limites da auto depreciação e servidão.

    Porém, mesmo com essa premissa excitante e crítica certeira, o filme não se desenvolve muito bem. Muito se deve às falhas do roteiro enquanto trama e enredo. Os arcos dos personagens não tem profundidade e não sofrem nenhum impacto em seu modo de vida, mesmo estando em um ambiente pesado com uma freira se picando de heroína e outra dropando LSD. Personagens e situações são inseridos sem nenhum motivo, como o romance entre a freira e o padre. Essa superficialidade dos personagens traz ao filme um tom episódico que nos distancia do peso que as decisões tomadas pelos personagens deviam ter.

    Tecnicamente o filme não envelheceu muito bem. É claro que seria absurdo cobrar perfeição técnica de uma produção sem grandes recursos de uma época com tecnologia menos desenvolvida. Porém, a atuação limitada de algumas atrizes e alguns recursos grotescos (como o áudio do rugido do tigre), garante que a obra não tenha seu valor atemporal.

    É justo eu dizer que esse filme é ruim? Sim. Porque, em muitos aspectos, é. Mas ao mesmo tempo, sua ousadia e subversão te cativa, e em sua época, foi muito importante para desmistificar o estigma de santidade que pairava na Transição Espanhola.
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